Colapso da FTX pode se espalhar para o sistema bancário; entenda
O colapso da FTX e de sua empresa-irmã Alameda Research continua espalhando contágio ao longo do mercado. Dessa vez, no entanto, o contágio pode atingir o sistema bancário formado por bancos pró-criptomoedas.
De acordo com as investigações, o ex-CEO Sam Bankman-Fried (SBF) obteve acesso a bancos regulamentados por meio da Alameda Research. Os clientes estavam enviando transferências eletrônicas para a FTX por meio de bancos associados à Alameda.
Agora, esses bancos podem entrar escrutínio por permitir transferências. Os principais alvos são o Silverbank, Signature, Trust Bank e outros.
- Leia também: Fundação Ethereum vende 100.000 ETH
Bancos sob escrutínio por contágio FTX-Alameda
A princípio, a FTX sofreu com problemas semelhantes ao Brasil, ou seja, bancos se recusando a processar transferências para a exchange. Para se livrar dessa limitação, a FTX fechou acordos com bancos por meio da Alameda, permitindo que a FTX recebesse fundos de clientes por meio desses bancos.
Em seguida, a FTX instruir os clientes a enviar transferências eletrônicas por meio de contas da Alameda no Silvergate Capital, Signature Bank, Trust Bank e outros. O serviço funcionou até esse ano, quando a FTX entrou em colapso.
O acordo entre a Alameda e a FTX causou problemas na manutenção de registros e gerenciamento. Isto é, preocupações sobre o uso indevido de fundos de clientes devido a transações entre as duas empresas. SBF acredita que as pessoas transferiram US$ 8 bilhões para a Alameda.
De acordo com a acusação, a FTX destinou para a Alameda Research parte dos depósitos que os clientes realizavam para suas contas na exchanges. Isso fere o princípio de que as duas empresas tinham atividades separadas, alegação repetida pelo próprio SBF. Com isso, os procedimentos de conformidade dos bancos certamente atrairão maior escrutínio de promotores e reguladores.
O novo CEO da FTX, John J. Ray III, encarregado de supervisionar a falência, comentou sobre os procedimentos da FTX. De acordo com o CEO, que participou da falência da Enron em 2000, “nunca vi uma falha tão completa de controles corporativos e uma ausência tão completa de informações financeiras confiáveis como ocorreu aqui”.
Entidades se manifestam
Enquanto isso, um representante do Silvergate afirmou que o banco não comenta sobre os clientes ou suas atividades de acordo com sua política.
Já Alma Angotti, ex-executor da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) e do Departamento do Tesouro, disse que o acordo coloca os bancos em risco se eles soubessem da configuração.
“É uma prática muito ruim e gerenciamento de risco em qualquer livro misturar os fundos de seus clientes com fundos de contraparte e outros fundos. Este é um conjunto complicado de fatos e é difícil dizer neste momento o que foi violado. É uma gestão de risco ruim e, no mínimo, desleixada”, disse.
Novo CEO retoma pagamentos de salários
De acordo com John Ray, a FTX e aproximadamente 130 empresas afiliadas ao seu grupo estão retomando os pagamentos normais de salário. Os funcionários em todo o mundo, bem como contratados e fornecedores, voltarão a receber por seus serviços.
No entanto, a exchanges não fará pagamentos a SBF, Gary Wang, Nishad Singh, Caroline Ellison ou pessoas com quem tenham qualquer relação com a exchange.
“Com a aprovação do Tribunal de nossas moções de primeiro dia e o trabalho que está sendo feito na gestão de caixa global, estou satisfeito que o grupo FTX esteja retomando os pagamentos em dinheiro de curso normal de salários e benefícios para nossos funcionários remanescentes em todo o mundo”, disse Ray.