Apesar da queda no preço, hash rate do Bitcoin atinge novo recorde
O poder de processamento da rede Bitcoin, também conhecido como hash rate, continua a subir, o que é uma boa notícia para a sua segurança. De acordo com dados da Glassnode, o hash rate do Bitcoin atingiu 447 exahashes por segundo (EH/s), o maior valor da história.
No site Bitinfocharts, o valor médio é ligeiramente superior, de 481 EH/s, mas ambos concordam que o hash rate está no maior valor da história. Isso significa que mais mineradores passaram a entrar na rede, mesmo com o preço do BTC em queda superior a 50% desde 2022.
Pelo lado da segurança, o aumento é positivo para o Bitcoin, que vê a rede ficar mais segura do que nunca. Mas esse aumento é uma má notícia para os mineradores, que enfrentam agora mais concorrência do que nunca.
Pressão sobre os mineradores
Enquanto a cotação do BTC segue em queda, a taxa de hash subiu 77% desde o início de 2023. Se considerar a máxima histórica de preço em novembro de 2021, o aumento chega a 170%. Isso significa que agora é mais difícil do que nunca minerar o próximo bloco da rede.
Além disso, o próximo ajuste de dificuldade, que ocorreu a cada cerca de duas semanas, poderá chegar a +7,4%. A dificuldade é uma medida da competição entre mineradores e também atingiu o máximo histórico, chegando a 57,3T. Quando a dificuldade aumenta, o hash rate segue o mesmo caminho.
O efeito líquido desse crescimento é uma diminuição na rentabilidade da mineração, também conhecida como hash price. Essa métrica se refere ao valor esperado de 1 TH/s de poder de hash por dia. De acordo com os dados da Glassnode, o hash price caiu para US$ 0,06 por TH/s por dia. Isso representa uma queda de 85% desde o pico do mercado, quando a taxa atingiu US$ 0,40 por TH/s por dia.
Os mineradores de Bitcoin estão atualmente sendo atingidos por um golpe triplo. Além do aumento do hash rate e da queda da rentabilidade, os custos com energia aumentaram por causa da guerra na Ucrânia. Esses fatores combinados pressionam o lucro dos mineradores.
Além disso, o JPMorgan previu que as taxas de hash cairiam 20% após o próximo halving no final de abril ou início de maio. Muitos mineradores desligaram suas máquinas e empresas chegaram a declarar falência por causa dos altos custos.
No início desta semana, o trader Oliver Velez destacou que os Estados Unidos têm a maior parcela do hash rate global, com 40%. Além disso, a gigante de gestão de ativos BlackRock investiu em várias das maiores empresas de mineração de Bitcoin, como a Riot Platforms, Marathon Digital, Cipher Mining, Hut 8 e Terawulf.
Perspectiva de preço do Bitcoin
A queda no preço do Bitcoin levou vários mineradores à falência, sobretudo em 2022. Mineradoras como a Core Scientific tiveram que pedir recuperação judicial e reestruturar suas atividades para não falir. Se os preços do Bitcoin não melhorarem logo, pode haver outra capitulação dos mineradores.
Para completar, o Bitcoin sofrerá o seu terceiro halving, que é o corte na emissão de novos BTC. O evento está previsto para ocorrer em cerca de seis meses e cortará pela metade a recompensa do bloco. Ou seja, menos perda de receita para a mineração.
Foi previsto que os preços do BTC precisará atingir cerca de US$ 90 mil para que a mineração permanecesse lucrativa nos níveis atuais. No entanto, a cotação do BTC vale cerca de US$ 26.000, um valor muito longe do ponto de equilíbrio.