Ethereum 2.0: entenda as fases da atualização
Em vez de um evento único, o “Ethereum 2.0”, como é chamada a grande atualização da blockchain, refere-se a uma série de evoluções interconectadas com o objetivo de realizar mudanças profundas em seu funcionamento.
O ecossistema Ethereum é o segundo maior em valor de mercado, com cerca de US$ 317 bilhões em volume negociado, de acordo com o CoinMarketCap. Ele também é a principal escolha de uma boa parte dos desenvolvedores blockchain por proporcionar produtos e serviços financeiros diversificados em um ambiente bastante personalizável e seguro.
Entenda as atualizações:
Beacon Chain
A Beacon Chain foi uma das atualizações mais importantes da Ethereum, pois serviu como base para o desenvolvimento e lançamento de todas as outras.
Lançada em dezembro de 2020, ela atua como a “espinha dorsal” da rede e introduziu o mecanismo de mineração conhecido como Proof-of-Stake (PoS), ou prova de participação, em tradução livre. Inicialmente, ela operava como uma rede de testes paralela à rede principal.
Em vez de gastar energia computacional para resolver problemas matemáticos, como acontece no caso do bitcoin com seu mecanismo de Proof-of-Work (PoW), ou prova de trabalho, os validadores no PoS bloqueiam parte do seu saldo em carteiras específicas, demonstrando seu compromisso com a rede. Esses saldos garantem segurança, bem como a validação das transações.
Todos os validadores são selecionados aleatoriamente para criar novos blocos: a probabilidade de seleção está diretamente relacionada à quantidade de moedas dedicadas ao funcionamento da blockchain.
The Merge
Em 15 de setembro de 2022, a atualização “The Merge” foi instalada no ecossistema principal do Ethereum. Com isso, o mecanismo de consenso de prova de trabalho foi substituído pelo PoS.
Antes desta atualização, era necessário utilizar poderosos computadores para a mineração. A principal razão para a mudança foi a busca por uma rede mais rápida, eficiente e sustentável; estimativas apontam que o mecanismo atual gasta 99% menos energia do que o anterior.
Para participar do processo de validação de transações, é necessário bloquear pelo menos 32 Ether (ETH) em uma carteira específica para staking.
Sharding
Esta é uma das etapas mais complexas e importantes da atualização do Ethereum 2.0. De maneira simplificada, a rede será fracionada em várias “shards” menores, que são pequenas blockchains operando em paralelo.
Quando o tráfego da rede aumenta, ela tende a ficar congestionada, o que compromete a performance das transações. Por meio desse processo de pulverização, a rede poderá construir novos caminhos para aliviar o volume de negociações. É como se, em vez de uma única via pública, existissem várias estradas menores que levam até o mesmo destino.
Essa atualização permitirá transações mais rápidas e com taxas reduzidas, uma vez que a carga de trabalho será distribuída entre mais validadores, ajudando a garantir a descentralização.
The Surge
O The Surge ativará completamente os shards, permitindo o processamento eficiente das transações na rede. Além disso, os contratos inteligentes (smart contracts) poderão ser executados em cada shard, proporcionando uma flexibilidade maior para a execução de aplicativos descentralizados, também conhecidos como dApps.
Aplicações mais robustas e personalizadas poderão ser executadas na blockchain, sem a necessidade de criar “gargalos” de performance.
The Verge
Trata-se de uma fase de otimização e transição de todo o ecossistema. Seu principal objetivo é atualizar os clientes do Ethereum para se adaptarem às novas funcionalidades da rede, como o sharding. Essa fase também envolve a otimização do código para garantir a segurança e a eficiência da rede.
Os desenvolvedores querem fazer com que as aplicações sejam executadas mais rapidamente, sem a necessidade de absorver grandes recursos. Para tanto, será utilizada uma tecnologia intitulada Verkle Tree.
É uma estrutura de dados que permite verificar um enorme conjunto de informações computacionais de maneira mais eficiente, reduzindo o tamanho dos dados que precisam ser processados pelos validadores.
Graças à redução no tamanho de cada bloco, a escalabilidade da rede se torna ainda maior. Com isso, mais validadores poderão participar da rede, proporcionando confirmações de transações ainda mais rápidas.
The Purge
É nesta fase que o Ethereum descartará tudo o que não for mais necessário para o seu funcionamento. “The Purge” promete remover dados antigos e desnecessários do histórico da blockchain, tornando-a mais leve e eficiente.
Para tanto, será implementado um novo mecanismo de armazenamento de dados, que permitirá descartar informações irrelevantes inseridas na rede, mas sem comprometer a sua integridade.
Uma blockchain mais simples, em linhas gerais, é menos propensa a ataques e falhas de segurança, tendo em vista o grande volume de projetos executados na rede, o expurgo de dados inúteis para o seu funcionamento e uma forma eficaz de salvaguardar os interesses de todos os envolvidos.
Ethereum 2.0: um caminho sem fim
Imaginar um Ethereum 2.0 completamente implementado não é mais uma realidade. Inicialmente, este era o desejo de seu fundador, Vitalik Buterin; no entanto, a natureza do projeto se tornou mais pragmática e adaptável.
Em entrevista ao Cointelegraph, Buterin disse que, por meio das ferramentas criadas para a implementação de dApps, os desenvolvedores “são capazes de criar aplicativos muito mais escaláveis”, garantindo não somente a segurança, como também a privacidade dos usuários.
Sendo assim, a proposta do Ethereum é perpetuar um desenvolvimento contínuo, criando adequações de acordo com as necessidades tecnológicas emergentes.
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