Futuro do dinheiro: CBDC e Stablecoins são opostas ou complementares?

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É seguro afirmar que o universo blockchain está realizando mudanças profundas dentro do universo financeiro tradicional, redefinindo o futuro do dinheiro. Instituições estão substituindo sistemas obsoletos por soluções mais ágeis, seguras e escaláveis, além de oferecerem produtos e serviços bancários mais personalizados e integrados com ecossistemas emergentes.

Nesse sentido, as moedas digitais controladas por banco central (CBDCs) e as stablecoins têm ganhado destaque. Mas elas são rivais em busca da supremacia ou podem coexistir em harmonia?

Entenda como esses ativos digitais podem contribuir para o futuro do dinheiro dentro do universo digital.

O que é CBDC?

É a sigla para Central Bank Digital Currency: de maneira simplificada, trata-se de um ativo financeiro emitido, regulado e controlado pelo seu respectivo banco central. Imagine o dinheiro físico que você tem na sua carteira, mas em formato eletrônico e controlável por meio de aplicativo bancário… É exatamente isso.

As CBDCs prometem tornar os pagamentos mais rápidos, transparentes e seguros, facilitando o acesso a serviços financeiros. Esses ativos também podem ser utilizados para implementar novas políticas monetárias, estimulando a economia.

Embora algumas CBDCs sejam construídas em blockchain, como o Yuan Digital (China), Sand Dollar (Bahamas), eNaira (Nigéria) e Euro Digital (União Europeia), outras tecnologias também podem ser delegadas para essa finalidade. O governo filipino criará a sua própria moeda digital por meio de um sistema de pagamentos proprietário do banco central, segundo informações do Cointelegraph.

Isso porque, devido ao nível de controle governamental desses ativos, mecanismos e práticas de combate a crimes financeiros, como lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e evasão de divisas se tornam potencialmente mais eficazes.

O que são stablecoins?

Stablecoins são passivos digitais projetados para manter um valor relativamente estável, diferentemente de ativos como bitcoin ou ethereum. Seu principal objetivo é oferecer uma alternativa mais segura para transações e investimentos, especialmente quando ativos mais voláteis são negociados.

Muitas stablecoins são lastreadas em ativos reais, como o dólar americano, euro ou real, a exemplo do BRZ, emitido pela Transfero. Ou seja, para cada moeda emitida, há uma quantidade equivalente de dinheiro fiduciário em reserva. Outros ativos, como ouro e prata, também podem ser utilizados por stablecoins para garantir a estabilidade. 

Há ainda as stablecoins algorítmicas, que são capazes de manter a estabilidade sem o advento de lastros tradicionais. Elas fazem uso de contratos inteligentes e de algoritmos para autorregular o preço, controlando a oferta e a demanda da moeda. A DAI (MakerDAO) é uma das mais populares do segmento.

Esse tipo de solução permite a criação de aplicações financeiras descentralizadas (DeFi) ou tradicionais mais complexas. 

Os dois ativos podem coexistir?

A resposta é sim. Mas, embora pareçam semelhantes à primeira vista, as CBDCs e as stablecoins possuem características e objetivos diferentes. Ambas propõem revolucionar o sistema financeiro, tornando a acessibilidade aos produtos e serviços bancários mais democrática e inclusiva.

Enquanto as CBDCs são diretamente regulamentadas pelos seus respectivos bancos centrais, as stablecoins precisam sujeitar-se às normas e regras impostas pelas autoridades governamentais. Dependendo do país, pode haver restrições mais rígidas em relação à posse e à utilização delas.

Por outro lado, as duas tecnologias são capazes de convergir em inúmeras situações. As CBDCs podem servir de âncora para as stablecoins, fornecendo estabilidade para todo o sistema, por exemplo.

Espera-se, no futuro, que mecanismos sejam construídos para converter os ativos digitais estatais em stablecoins e vice-versa. Isso permitirá que a liquidez dos ativos aumente, proporcionando novas opções de investimento para os usuários.

Sendo assim, ambos os ativos representam uma nova era no universo financeiro digital, com o potencial de mudar a maneira como empresas e pessoas físicas interagem com o dinheiro.
O sucesso desta coexistência está diretamente relacionado ao cenário regulatório que está sendo construído. No Brasil, o Cripto Conforme avança para elaborar um programa de fiscalização eficiente e transparente, garantindo que tanto empresas quanto usuários tenham todos os seus direitos e deveres respeitados. O futuro do dinheiro está cada vez mais próximo.

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  • 8 de Outubro, 2024