Como o Fed pode impactar o resultado do halving?

O próximo halving do bitcoin está previsto para 2028. Ele ocorre a cada quatro anos e, de maneira simplificada, esse processo reduz pela metade a recompensa que os mineradores recebem por cada bloco adicionado à blockchain. A cada 210 mil blocos minerados, o processo é automaticamente iniciado.

Esta redução na emissão de novas moedas é projetada com a finalidade de estimular a escassez e, consequentemente, influenciar no preço do ativo. Contudo, outros fatores podem afetar diretamente a performance do mercado cripto: as decisões do Fed, o banco central norte-americano, tendem a exercer influência dentro do universo blockchain, também.

As principais atribuições do Fed

O Fed (Federal Reserve) é a principal autarquia financeira dos Estados Unidos, responsável por regular o sistema econômico do país. Bancos, seguradoras, instituições financeiras e demais entidades similares precisam respeitar as diretrizes do órgão e obter licenças específicas para poderem realizar as suas operações.

Para garantir a estabilidade financeira, a entidade toma decisões sobre as taxas de juros e operações de mercado aberto. Tais iniciativas causam impactos diretos não apenas na economia norte-americana, como também nos mercados financeiros globais. As criptomoedas também são afetadas.

Implicações no universo das criptomoedas

Quando o Fed eleva as taxas de juros, boa parte dos investidores optam por ativos mais seguros, como títulos do governo. O poder de compra do dólar costuma cair e, por conta disso, pode haver saída de capital do mercado de criptomoedas, que ainda é visto como um ativo de alto risco.

Por outro lado, a redução das taxas de juros aumenta o poder de compra da população, o que leva os investidores a buscarem ativos com maior volatilidade. Como consequência, os preços dos ativos digitais mais consagrados tendem a subir.

Políticas monetárias mais frouxas tendem a enfraquecer o dólar, beneficiando os criptoativos em valor de mercado e volume. 

Qual a postura atual do Fed?

Em setembro de 2024, o banco central norte-americano cortou a taxa de juros em 0,50 ponto percentual, marcando a primeira redução desde 2020. Essa decisão foi tomada a fim de controlar a inflação da moeda fiduciária, parcialmente motivada pelo longo período de aumento das taxas.

O Goldman Sachs, segundo maior banco de investimentos do mundo, já havia previsto que o Fed reduziria as taxas de juros entre 2024 e 2025, segundo reportagem da Reuters. Caso as previsões se concretizem, o presidente da autarquia, Jerome Powell, disse que poderão haver mais dois cortes ainda este ano.

“O halving ainda não atingiu a expectativa de valores tão elevados porque ainda existe a pressão da taxa de juros norte-americana. Quanto mais alta, menos o mercado está disposto a correr riscos, afastando novas entradas em ativos como o bitcoin. Ficamos desde a pandemia sem um corte de juros por parte do Fed, mas o que está no horizonte agora cria uma expectativa para que esse movimento ‘destrave’ o preço do bitcoin e, consequentemente, de outros criptoativos.”, comentou Gabriel Lacerda, Business Developer da Transfero.

Caso o Fed mantenha as suas convicções, espera-se uma relativa desvalorização do dólar americano, bem como o aumento do apetite por risco por parte dos investidores. Políticas monetárias mais leves tendem a ser vistas de maneira positiva pelo mercado, e isso envolve diretamente o universo das criptomoedas.

Como resultado, a valorização do bitcoin durante o halving deverá ser potencializada, ainda que discretamente, pela postura mais permissiva do Fed em relação à economia global. Entretanto, é importante reforçar que a mudança de sentimento dos investidores, crises econômicas globais, inflação, entre outros fatores podem colocar em xeque esse movimento.

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