CRO detalha estratégia de expansão global da Transfero
A CRO da Transfero, Juliana Schlesinger Felippe, participou do episódio 121 do podcast Brazil Crypto Report do Aaron Stanley. Chamado Transfero Goes Global with Juliana Felippe, a executiva falou sobre o posicionamento da companhia em relação a tópicos como regulamentação, crescimento internacional e a adoção de moedas digitais em escala global.
A profissional já trabalhou em empresas de grande porte, como WhatsApp, LinkedIn e Paxos, startup especializada em infraestrutura para a troca de ativos digitais. Com essa experiência, ela está contribuindo de forma valiosa para ajustes na estratégia de negócios da Transfero. Concebida como uma empresa autofinanciada (bootstrapped), expandiu as operações para vários países sem fundos externos, mas agora busca a sua primeira rodada de investimentos para fortalecer a sua presença no mercado.
Segundo Juliana, o Brasil é um dos mercados com maior adoção de criptoativos no mundo e, além disso, está seguindo um caminho pró-inovação, o que explica a guinada buscada pela Transfero. Esse cenário, aliás, permite que vários outros players construam os seus próprios produtos e serviços financeiros de maneira regulamentada, escalável e disruptiva, o que traz segurança jurídica e econômica aos investidores, na visão dela.
Há um destaque especial para o incremento sobre processo regulatório, um dos pontos-chave dessa nova empreitada. “Eu liderei as operações da Paxos e as estruturei no Brasil e na América Latina. Hoje, a startup é a mais regulamentada do setor, além de reconhecida por seus grandes parceiros, como Nubank e Paypal. Foi muito bom construir novas tendências e reputação, construir parcerias localmente”, comentou.
Transfero no mundo da inclusão financeira
Negócios de todos os tamanhos podem aceitar criptomoedas como meio de pagamento, mas sem os efeitos da volatilidade. Para isso, é possível recorrer as stablecoins: moedas digitais geralmente lastreadas em moeda fiduciária, a exemplo do BRZ, cujo valor é proporcional à cotação do Real Brasileiro.
Com o aumento da adoção das criptomoedas no Brasil, o empresariado está adicionando outras possibilidades de pagamento para que nenhuma venda seja perdida. “Se pensarmos em qualquer empresa que não queira ter tanta burocracia para poder movimentar dinheiro de um lugar para o outro, há vários casos de uso nesse sentido. Em 2023, transacionamos cerca de US$ 1 bilhão e, ainda em 2024, já movimentamos algo em torno de US$ 1,5 bilhão. Estamos crescendo ano após ano”, detalhou Juliana. “Quando pensamos em questões como folhas de pagamento e pagamentos cruzados, elas já fazem parte do que estamos fazendo. No entanto, nós estamos focando atualmente em utilidade”, completou.
Embora o Pix tenha resolvido várias limitações relacionadas às transferências, ele não está integrado entre países. Por isso, Juliana enfatiza que a utilização de stablecoins reguladas e transparentes permite enviar e receber fundos internacionalmente em poucos segundos, com taxas muito baixas e sem restrições de horários, problemas comuns a grande parte do mundo.
De acordo com Juliana, serviços white label estão na mira da Transfero e deverão ser anunciados ainda neste ano, como cartões de crédito que operam com criptomoedas, por exemplo. Dessa forma, lojistas e consumidores poderão realizar pagamentos sem se preocupar com conversões manuais, muitas vezes complexas para os que não estão habituados com o universo blockchain.
Stablecoins, CBDC e Drex
Os ativos digitais controlados por bancos centrais (CBDCs) – algo que já acontece em muitos países – visa o crescimento exponencial das criptomoedas no mercado. O Drex (Real Digital) é o ativo em desenvolvimento pelo Banco Central do Brasil e, embora rode em uma Distributed Ledger Technology (DLT), não se trata de um projeto blockchain.
Seus mecanismos de controle e de governança são diferentes, mas isso não limita o Banco Central, que pretende construir instrumentos internos para garantir a interoperabilidade entre o Drex e outras moedas digitais e plataformas, facilitando produtos financeiros.
“Se pensarmos na estrutura da economia, o Banco Central continuará tendo suas reservas conectadas com bancos e instituições financeiras, e as instituições terão seus contratos com o usuário, que poderá escolher o melhor token para cada caso de uso. Sinto que, com o Real Digital em execução, as stablecoins não serão afetadas. Precisamos fazer com que a sociedade se sinta confortável e segura com as regras que estão sendo baseadas”, comentou Juliana.
Banco-como-Serviço (BaaS): uma tendência global
Há vários casos de importação e exportação de produtos dentro dos quais esse novo modelo pode exercer influência, bem como entidades que não querem construir toda a burocracia dentro do Brasil. Nesse contexto, plataformas de pagamento que seguem o modelo banking-as-a-service são capazes de construir um ecossistema integrado não apenas em relação aos produtos, como também a marcos regulatórios específicos.
Além da Transfero, MoonPay, ConsenSys, Polygon e Ripple trabalham ativamente nesse sentido. Apoiada pela Linux Foundation, a Hyperledger Fabric desenvolve soluções BaaS para a construção de redes privadas e consorciadas.
Juliana comentou que, para alcançar este objetivo, há três caminhos principais. “O primeiro é construir um processo para garantir escalabilidade. É por isso que estamos buscando nossa primeira rodada de investimentos. O segundo é filtrarmos os investidores certos, construindo e escalando de acordo com a nossa visão. Por fim, queremos expandir internacionalmente e de maneira consistente para adicionar recursos no topo da nossa infraestrutura, tornando-nos capazes de atender grandes bancos e outros players”, explicou.
A entrevista completa de Juliana Felippe para o jornalista Aaron Stanley, do Brazil Crypto Report, pode ser vista no YouTube:
O episódio também está disponível no Spotify e no Amazon Music.
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