Saiba escolher a melhor blockchain para cada uso corporativo
Existem centenas de blockchains à disposição das empresas e, por isso, escolher a melhor pode ser um grande desafio, ainda mais tendo em vista as particularidades de cada projeto e as demandas da empresa. O primeiro passo para fazer a escolha certa é entender as características por trás de cada uma.
Escolher a melhor blockchain para uso corporativo envolve uma análise técnica abrangente. Afinal, a escalabilidade e os mecanismos de consenso são alguns dos fatores que influenciam diretamente o desempenho e a segurança das operações empresariais.
Há, neste sentido, critérios que permitem avaliar as principais plataformas, como Ethereum, Binance Smart Chain, Solana, Polkadot, Polygon e Avalanche, oferecendo uma visão comparativa sobre suas vantagens, limitações e adequação a diferentes cenários corporativos.
Critérios de avaliação
Para começar a seleção, há sete pontos que devem ser considerados na hora de escolher a melhor blockchain para atender às demandas do negócio. São eles:
- Escalabilidade: A capacidade da rede para suportar o volume de transações por segundo que o negócio precisa;
- Consenso: De que forma as transações são registradas e validadas na rede e como isso afeta a segurança e o nível de descentralização dela;
- Segurança: Diz respeito à plataformas que não sofreram ataques hacker e que não possuem vulnerabilidades críticas conhecidas;
- Privacidade: O nível de anonimato oferecido é variável e deve ser levado em consideração de acordo com a natureza do negócio;
- Custo: Avaliação do valor que será necessário investir ao longo da execução do projeto;
- Comunidade: É importante saber quantos desenvolvedores ativos fazem com que a blockchain evolua de maneira contínua;
- Casos de uso: A blockchain que se pretende escolher deve suportar os casos de uso específicos do negócio.
Descubra a melhor blockchain para cada negócio
Com base nos critérios anteriores, alguns dos principais projetos – em termos de popularidade – estão listados a seguir e trazem detalhes que podem mudar a atuação no cenário corporativo de cada tipo de negócio. Veja:
Ethereum (ETH)
Cerca de 90% dos projetos blockchain em execução rodam na blockchain Ethereum. Lançada em 2015, ela introduziu o conceito inovador da Máquina Virtual Ethereum (EVM). A tecnologia permite a criação de softwares altamente personalizados por meio de contratos inteligentes (smart contracts). Isso inclui tokens financeiros personalizados, tokens não fungíveis (NFTs), aplicações descentralizadas (dApps), jogos online e outros.
A comunidade de desenvolvedores Ethereum também é uma das maiores do mundo, havendo uma larga documentação à disposição dos entusiastas e essa dinâmica retroalimenta a criação de novos projetos e soluções digitais.
Embora os líderes do projeto estejam trabalhando em limitações relacionadas à escalabilidade, há redes mais rápidas no momento. Entretanto, a confiabilidade do ecossistema Ethereum é a maior do mercado, dada a sua longevidade.
Binance Smart Chain (BSC)
A rede foi lançada em 2020 pela Binance, a maior exchange de criptomoedas do mundo. Ela se popularizou rapidamente por permitir transações rápidas com taxas de rede baixas.
Uma das suas características é a compatibilidade com a EVM do Ethereum. Isso significa que os desenvolvedores podem portar seus contratos inteligentes da rede do Ethereum para a BSC sem grandes dificuldades.
O mecanismo de consenso é conhecido como Proof of Staked Authority (PoSA), que é uma combinação entre os mecanismos de Proof of Stake e Proof of Authority. Isso permite que a rede seja executada com maior eficiência, reduzindo os tempos de confirmação das transações.
Entretanto, o número de validadores da rede ainda é reduzido, o que levanta questões sobre o quão descentralizada a BSC realmente é.
Polkadot (DOT)
Para operar de maneira integrada, a Polkadot pode ser uma opção atraente. A plataforma foi criada pela Web3 Foundation e tem como objetivo garantir a interoperabilidade entre diferentes blockchains.
Graças à sua arquitetura, blockchains paralelas (parachains) para usos específicos podem ser criadas de acordo com as necessidades de cada negócio. Assim, uma vez que as transações não são processadas em uma única cadeia, congestionamentos de rede podem ser evitados.
Todas as transações executadas na Polkadot compartilham a segurança da cadeia principal (Relay Chain). Além disso, o seu sistema de governança descentralizada permite que detentores de seu token nativo (DOT) opinem a respeito das decisões do projeto.
Polygon (MATIC)
Anteriormente conhecida como Matic Network, a Polygon é uma solução de escalabilidade de camada 2 para o Ethereum. Por meio dela, a velocidade das transações é aumentada e as taxas de rede são reduzidas.
Boa parte dos problemas relacionados à escalabilidade são resolvidos por meio desta iniciativa, e mais: a Polygon está trabalhando em mecanismos para garantir a interoperabilidade com várias outras blockchains, como RenBridge, ChainBridge e Anyswap.
Sendo assim, a esta é uma boa opção aos que desejam garantir a compatibilidade com o ecossistema Ethereum, mas precisam de mais agilidade na execução das suas respectivas aplicações.
Solana (SOL)
Seu principal destaque é ser um ecossistema blockchain de alto desempenho, capaz de executar milhares de transações por segundo de forma rápida e escalável. Isso se tornou possível por meio do mecanismo de consenso Proof of History (PoH), que permite que os nós da rede concordem sobre a ordem das transações de maneira eficiente.
As taxas de transferência estão entre as mais baixas do mercado cripto. Isso significa que, no longo prazo, os custos operacionais também costumam ser menores do que em outras concorrentes.
Entretanto, é importante mencionar que, anos atrás, a Solana enfrentou problemas relacionados à segurança. Segundo a Exame, cerca de 8 mil carteiras foram comprometidas e drenadas por criminosos, causando um rombo de até US$ 8 milhões.
Em fevereiro de 2022, a Wormhole Bridge da Solana, uma das suas principais pontes de interoperabilidade, foi interceptada por hackers, resultando na perda de US$ 325 milhões em ETH (token nativo do Ethereum).
Avalanche (AVAX)
Lançada em 2020, a rede Avalanche também visa o alto desempenho transacional. Apesar de o seu foco ser o desenvolvimento de dApps e o mercado de finanças descentralizadas (DeFi), ela não se limita a isso e projetos de natureza privada também podem ser erguidos por meio de sua infraestrutura.
O seu mecanismo de consenso é diferente dos demais: conhecido como Avalanche Consensus, ele utiliza um processo de votação probabilístico para garantir que o consenso seja alcançado de maneira rápida e eficiente.
Assim como a BSC, a Avalanche tem compatibilidade com a EVM do Ethereum por meio de uma rede específica chamada Contract Chain (C-Chain). Por ela, contratos inteligentes podem ser facilmente integrados com outros ambientes digitais, proporcionando uma intercomunicação saudável.
Subnets (redes secundárias ligadas à principal) podem ser construídas de maneira similar à Polkadot na Avalanche. No entanto, uma subnet com poucos validadores pode ser vulnerável a ataques de 51%, especialmente se forem centralizados e com baixo poder de staking.
Qual a melhor blockchain, afinal?
Para facilitar a escolha, o PanoramaCrypto criou a tabela abaixo comi um resumo a respeito de cada blockchain comentada anteriormente, com os pontos positivos e negativos realçados:
1: Muito ruim
5: Muito bom
Blockchain | Escalabilidade | Consenso | Segurança | Privacidade | Custo | Comunidade | Casos de Uso |
Ethereum | 3 | 3 | 4 | 3 | 3 | 5 | 5 |
BSC | 4 | 3 | 3 | 3 | 3 | 4 | 4 |
Solana | 5 | 3 | 2 | 3 | 4 | 4 | 4 |
Polkadot | 4 | 4 | 4 | 4 | 3 | 4 | 4 |
Polygon | 5 | 3 | 3 | 3 | 4 | 4 | 4 |
Avalanche | 5 | 3 | 4 | 3 | 2 | 4 | 4 |
Como mostra a tabela, cada blockchain tem prós e contras, tecnicamente falando. Contudo, a rede Ethereum, por ser a principal escolha dos desenvolvedores, torna-se uma das opções mais seguras aos que ainda não estão familiarizados com outros ecossistemas.
Mas isto não significa que a Polygon, ou mesmo a Avalanche, não devam entrar no radar dos iniciantes, pois são duas possibilidades bastante consolidadas na indústria. Ainda, caso o negócio precise realizar movimentações financeiras constantes e com agilidade, trabalhar diretamente na rede principal do Ethereum pode não ser a melhor opção – pelo menos até que esse problema seja resolvido pelo “Ethereum 2.0”.
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