Sonho americano 2.0: bitcoin surge como símbolo de prosperidade
A casa própria, por décadas símbolo de sucesso e estabilidade financeira, está perdendo espaço para uma nova referência entre os jovens investidores: o bitcoin. Para a Geração Z, como explica o especialista em macroeconomia Jordi Visser, o bitcoin não é apenas um ativo especulativo ou uma aposta de curto prazo. Ele representa a possibilidade de fugir das armadilhas do endividamento, da incerteza no mercado de trabalho e da exclusão patrimonial.
Diante de um cenário de frustração crescente com o sistema tradicional, a criptomoeda se torna, aos olhos dessa geração, um caminho possível para alcançar a liberdade econômica. Em consonância com Visser, o presidente da Strategy, Michael Saylor, avalia que a moeda digital faz parte, agora, do “novo sonho americano” – originalmente pautado em um ideal de prosperidade através do trabalho árduo.
Empregabilidade tradicional comprometida
Em entrevista a Anthony Pompliano, Visser destacou que a transformação tecnológica liderada pela inteligência artificial molda um cenário de prosperidade desigual, no qual os jovens se veem cada vez mais distantes das promessas do antigo sonho americano.
Ao mesmo tempo em que impulsiona recordes em ativos como bitcoin, ouro e o índice S&P 500, a IA também é responsável por mudanças no mercado de trabalho. O caráter disruptivo da tecnologia permite que suas diferentes aplicações reduzam ou eliminem alguns postos de trabalhos e criem outros cargos. Essa substituição da força de trabalho tradicional representa, para Visser, uma ameaça direta à empregabilidade das próximas gerações.
“Eles estão apenas dizendo que não vão contratar tanto, o que significa que, daqui para frente, as pessoas que serão contratadas serão funcionários digitais”, explicou Visser.
Criptomoeda como ativo promissor
O ceticismo da Geração Z em relação ao sistema financeiro tradicional, impactado por inflação, juros altos e dívidas estudantis, por exemplo, tem motivado a busca por alternativas descentralizadas. Soma-se a isso a perda de confiança no dólar e na autoridade do Federal Reserve, cada vez mais pressionado a cortar juros. Segundo Visser, essa conjuntura favorece a adesão ao bitcoin.
“Os jovens não acreditam que o sistema vai se recuperar. Eles acreditam que o sistema tem piorado a cada ano. Todo esse caminho se foi [conseguir um emprego, subir na carreira, comprar uma casa]. Então, acho que é aí que o bitcoin se encaixa”, considerou o executivo com mais de 30 anos de experiência em Wall Street.
Para muitos, investir em bitcoin passou a significar um gesto de independência frente a um modelo considerado excludente e sem as perspectivas esperadas para quem nasceu entre o final da década de 1990 e o início dos anos 2010.
Especialistas ecoam a visão de Visser
De acordo com reportagem publicada na revista Exame, a opinião de Visser é compartilhada por outros nomes do universo cripto. Com experiência como CEO de corretora de criptomoedas, Changpeng Zhao (CZ) chegou a afirmar que possuir apenas 0,1 BTC – equivalente a cerca de US$ 11.742 – pode, em breve, representar mais valor do que a compra de um imóvel nos Estados Unidos.
Essa crescente participação dos criptoativos na economia já é considerada por órgãos federais norte-americanos. O diretor da Agência Federal de Financiamento da Habitação (FHFA), Bill Pulte, afirmou que avalia a possibilidade das criptomoedas serem incluídas na análise de risco de empréstimos hipotecários. Esse passo sinaliza um papel cada vez mais relevante do bitcoin na formação patrimonial dos jovens.
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