Após Argentina, Peru abre investigação contra Worldcoin
O Ministério da Justiça e Direitos Humanos do Peru (MINJUSDH) anunciou na última segunda-feira (3), que a Autoridade Nacional de Proteção de Dados Pessoais (ANPD) iniciou uma investigação sobre as operações da Worldcoin no país. A investigação, que começou em 13 de maio, visa verificar se a coleta de dados biométricos pela empresa viola as leis de proteção de dados dos cidadãos peruanos.
A Worldcoin, conhecida por escanear o rosto e a íris das pessoas em troca de tokens WLD, está operando atualmente com sete filiais no Peru. Diariamente, centenas de pessoas participam dessas operações, atraídas pela curiosidade ou pela promessa dos tokens. No entanto, as autoridades peruanas têm acompanhado essas atividades de perto, preocupadas com as possíveis violações de privacidade.
Segundo o MINJUSDH, o objetivo da investigação é assegurar que a coleta de dados biométricos está conforme as leis de proteção de dados pessoais. A pasta destacou a importância do consentimento prévio dos cidadãos antes da coleta de dados tão sensíveis. Dados biométricos, como a íris, contêm informações de saúde que permitem a identificação inequívoca de uma pessoa e não mudam ao longo dos anos.
Peru alerta para riscos de compartilhamento de dados biométricos
O MINJUSDH enfatizou os riscos associados à perda de controle sobre dados biométricos. De acordo com o Ministério, esses riscos incluem ameaças à privacidade, à segurança, aos ativos e à estabilidade financeira dos cidadãos.
Além disso, a ANPD recomendou que os cidadãos leiam atentamente as políticas de privacidade da Worldcoin. Essas políticam devem detalhar o uso dos dados coletados, a entidade responsável pelo tratamento, onde serão armazenados, com quem serão compartilhados e as consequências da entrega dos dados.
As autoridades peruanas prometem anunciar em breve os resultados das investigações e as medidas que serão tomadas caso sejam encontradas violações à Lei de Proteção de Dados Pessoais.
Outros países também investigam a Worldcoin
A situação no Peru não é única. A Worldcoin enfrentou problemas similares em diversas jurisdições. No ano passado, a empresa esteve no Brasil, onde operou em São Paulo e ofereceu aos voluntários cerca de R$ 250 em tokens WLD em troca do escaneamento de suas íris. Esse tipo de operação também gerou investigações em outros países, como a Coreia do Sul, Espanha e Portugal.
Em março, a Coreia do Sul iniciou uma investigação após receber reclamações sobre a coleta de informações pessoais pela Worldcoin. Espanha e Portugal também pediram que o projeto cessasse a coleta de dados biométricos. Além disso, países como Reino Unido, Quênia, França e Alemanha abriram investigações semelhantes devido a preocupações com a privacidade.
O caso mais recente ocorreu em Hong Kong, onde o Gabinete do Comissário de Privacidade para Dados Pessoais ordenou que a Worldcoin encerrasse todas as operações na região por violar as leis de privacidade locais. Esse cenário levanta a possibilidade de que a Worldcoin também possa ser banida no Peru, dependendo dos resultados da investigação em andamento.