Argentina vive momento favorável em  cripto, diz Eduardo Terzakyan

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Recentemente, o governo da Argentina parece ter freado parcialmente a recessão econômica que compromete milhões de habitantes há décadas. Para escapar da desvalorização da moeda nacional e expandir as possibilidades de negócios, muitos argentinos passaram a adotar as criptomoedas como investimento ou meio de pagamento – e o cenário atual do setor é otimista, segundo Eduardo Terzakyan, Country Manager da Transfero.

Javier Milei, presidente argentino em exercício até dezembro de 2027, autodenomina-se “anarquista de mercado”. Libertários tendem a ser altamente favoráveis à presença dos ativos digitais na economia mainstream, defendendo regulamentações mínimas para manter o ritmo de inovação oriundo da tecnologia blockchain.

O processo de desregulamentação econômica em curso na Argentina pode ser benéfico à criptoeconomia. Isso porque, para que a regulamentação cripto seja bem-sucedida, regras flexíveis e personalizadas precisam ser implementadas.

O que está moldando o mundo cripto na Argentina?

Terzakyan acredita que a adoção de criptomoedas na Argentina não se limita a decisões macroeconômicas, pois faz parte de um contexto mais complexo. “Nosso país está entre os 10 primeiros globalmente em adoção de cripto. Embora fatores como inflação, múltiplas taxas de câmbio e volatilidade, sem dúvida, influenciem essa tendência, eles não são as únicas causas”, diz.

Ainda segundo o Country Manager, não apenas mais empresas estão aceitando ativos digitais como meio de pagamento, como também mais profissionais estão recebendo seus pagamentos através do novo dinheiro. Parte desse sucesso se refere ao desenvolvimento de soluções amigáveis para o usuário final:

“A Argentina possui uma riqueza de talentos gerando soluções inovadoras que simplificam e tornam acessíveis as oportunidades oferecidas pelo universo DeFi. Ao proporcionar experiências de usuário incríveis, vemos a adoção crescer ano após ano. Os casos de uso estão se expandindo — mais negócios estão aceitando pagamentos em criptomoedas, profissionais estão recebendo pagamentos em stablecoins, e a usabilidade e capacidade transacional estão avançando significativamente.”

Arestas que precisam ser aparadas

Oferecer as melhores soluções adaptadas a cada cliente, segundo Terzakyan, é o maior desafio do setor. “É crucial alinhar-se com diversas regulamentações e padrões, ao mesmo tempo em que se entrega um serviço de alta qualidade. Na minha perspectiva, proporcionar uma experiência de usuário excepcional é fundamental para escalar as operações”, acrescentou.

No fim do dia, as tecnologias avançadas são uma peça importante para que a economia se comunique com todas as camadas sociais – mas a sinergia entre elas e as pessoas é a chave para garantir que tudo esteja alinhado globalmente.

Tendo em vista que as criptomoedas descentralizadas podem ser utilizadas em qualquer parte do mundo, certos padrões universais estão sendo desenvolvidos. Mesmo que cada país possua qualidades e desafios específicos, muitos pontos em comum se colidem, como a busca por mecanismos anti-lavagem de dinheiro, financiamento terrorista, entre outros.

Por exemplo, o governo brasileiro buscou inspiração em  alguns  modelos regulatórios da Suíça, considerada por muitos como um dos  maiores modelos legais envolvendo criptoativos. Já a Argentina firmou acordo pró-criptomoedas com El Salvador, primeiro país do mundo a reconhecer o bitcoin como moeda nacional.

Dessa forma, ambos os países poderão trocar informações para a supervisão e regulamentação das empresas que prestem serviços dentro da nova economia digital. Estas são denominadas Provedoras de Serviços de Ativos Virtuais (PSAV).

Perspectivas para o futuro cripto

Questionado sobre o futuro cripto da Argentina nos próximos cinco anos, Terzakyan demonstrou entusiasmo:

“Acredito que os próximos cinco anos serão marcados por um crescimento e consolidação significativos. À medida que a regulamentação avança, abordando deficiências, ampliando os pontos positivos e promovendo a criação de talentos locais, estou convencido de que o ecossistema e a adoção experimentarão um crescimento tremendo. Isso não se limitará a fatores locais; globalmente, há uma clara tendência para uma maior adoção.”

Devido ao trabalho conjunto que inúmeros países têm realizado, a interoperabilidade se mostra facilitada. Isso significa que negócios poderão ser firmados entre diferentes nações instantaneamente, sem intermediários de confiança que não sejam absolutamente necessários – o  que ajuda a reduzir o custo  final dos produtos e serviços aos consumidores.

“Por exemplo, estamos todos acompanhando de perto desenvolvimentos como a GENIUS Act dos EUA, que sem dúvida terá um impacto, assim como a regulamentação do MiCA (União Europeia) e sua implementação, introduzidas anteriormente”, comentou Terzakyan.

Players institucionais estão se unindo tanto com os usuários comuns quanto com o governo para garantir que o marco regulatório seja o mais alinhado possível globalmente, não apenas localmente.

Moderação é a chave

Ainda que muitas coisas precisem mudar, o especialista acredita que as mudanças não devem ocorrer drasticamente, mas de forma gradual. Pequenos ajustes devem ser realizados, tanto da iniciativa privada quanto da pública, até que se chegue a um denominador comum.

“Estou convencido de que estamos em um momento único, vivenciando mudanças rápidas sem precedentes nos últimos anos. Embora isso seja emocionante, carrega uma grande responsabilidade de desenvolver produtos robustos dentro de estruturas regulatórias sólidas e atualizadas”, acrescentou.

Regras claras, padrões atualizados e a construção de um arcabouço regulatório integrado são os três pilares para que a economia global seja consolidada. Felizmente, esse movimento está sendo observado por boa parte dos países, que estão amadurecendo gradualmente no sentido de “abraçar” a criptoeconomia.

De acordo com um relatório da Chainalysis, a Argentina superou o Brasil em fluxo de movimentações com criptomoedas. O país tem uma média em termos de participação de transações com stablecoins 17% superior à média global.

Caso o governo argentino continue a conduzir a pauta dentro dos moldes atuais, espera-se que o país, assim como o Brasil, construirá um hub favorável à inovação e à inclusão econômica, visto que ambos ainda sofrem com milhões de pessoas desbancarizadas.

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  • 24 de Julho, 2025