ARZ: como as stablecoins conectam países em desenvolvimento?
Crises financeiras costumam ser catalisadoras para a nova economia. No caso da Argentina, cuja inflação atingiu a casa dos três dígitos em sua história recente, fez com que tanto o ARZ como outras stablecoins e criptomoedas fossem rapidamente adotadas pela população.
Entender as razões por trás deste fenômeno é muito importante para que negócios em todo o mundo adaptem as suas respectivas estratégias. Mesmo empresas sediadas em países desenvolvidos podem tirar proveito das informações para proteger seu patrimônio e fechar acordos comerciais com mais segurança.
ARZ faz parceria estratégica para fomentar inclusão financeira
Em abril de 2025, a plataforma de interoperabilidade Wormhole anunciou que foi selecionada pela Transfero para utilizar seu sistema de Transferências de Tokens Nativos (NTT). Trata-se de uma tecnologia que permite trocar ativos digitais entre diferentes ecossistemas blockchain, preservando as suas qualidades intrínsecas em todas as redes.
Com isso, empresas na Argentina poderão negociar com mais facilidade tanto dentro do país como entre outras nações latino-americanas. Brasil, Chile e tantos outros fazem parte do escopo.
Embora a situação econômica do país tenha evoluído, ainda há um longo caminho pela frente para que uma maior integração nos sistemas de pagamentos permita que tanto membros do Mercosul como outros parceiros comerciais possam unir forças e reduzir as barreiras tecnológicas.
A relação de Milei com as criptomoedas
Javier Milei, atual presidente da Argentina, tem uma postura bastante favorável às criptomoedas e demais ativos digitais. Ele tem defendido a sua livre circulação no país desde o início de sua campanha eleitoral.
A Lei nº 27.739 argentina, implementada em março de 2024, introduziu reformas para prevenir a lavagem de dinheiro e o financiamento ao terrorismo por meio de criptomoedas. Para tanto, Provedores de Serviços de Ativos Virtuais (VASPs) deverão cruzar determinadas informações à Unidade de Informação Financeira (UIF), entidade semelhante à COAF brasileira.
Já a Resolução Geral nº 49/2024, também da UIF, detalha as obrigações das VASPs, incluindo os mecanismos de KYC/AML a serem adotados. Grandes exchanges, como Coinbase e Crypto.com, agora operam legalmente dentro do país e deverão oferecer soluções exclusivas aos consumidores.
Uma “reviravolta” econômica
Segundo matéria publicada pela Veja, o Fundo Monetário Internacional (FMI) projetou um aumento de 5% no PIB argentino em 2025 e 2026, caso as coisas continuem como estão. O salário médio dobrou no primeiro ano do atual governo (em dólares) em comparação com o ano anterior.
Embora complexa, é possível fazer uma correlação entre a ascensão das criptomoedas no país e o desenvolvimento da economia. O país é líder latino-americano na utilização de ativos virtuais, além de construir um hub tecnológico favorável ao setor. Durante a pandemia, a adoção foi ainda maior, trazendo algum refúgio contra a instabilidade da moeda nacional.
As criptomoedas também facilitam as remessas internacionais, permitindo que empresas estrangeiras sejam capazes de fechar negócios rapidamente, com maior segurança e custos menores que os cobrados pelas plataformas tradicionais.
Essa postura mais permissiva do governo argentino pode atrair novos investimentos e abraçar a inovação do novo dinheiro. Por exemplo, a Ripio, maior exchange latino-americana, já estava estabelecida no país antes mesmo do avanço legal; agora, a companhia (assim como tantas outras) poderá expandir seus serviços para outros países com maior facilidade.
5 pilares para o sucesso das criptomoedas
Algumas práticas, se forem bem implementadas, poderão ajudar o governo argentino a combater com maior propriedade a instabilidade econômica e promover a inclusão financeira em larga escala. Eis alguns exemplos:
- Estabelecer um marco regulatório abrangente: ainda que leis estejam sendo implementadas nesse sentido, é necessário abordar todos os aspectos dos ecossistemas blockchain e propor diretrizes claras sobre operações de exchanges e emissões de tokens, entre outros;
- Educação e conscientização: investir em programas educacionais é fundamental para que o crescimento das criptomoedas ocorra de maneira segura e orgânica. Tanto o governo federal quanto a iniciativa privada devem unir forças para disponibilizar informações claras a respeito da pauta;
- Desenvolvimento de infraestrutura: benefícios fiscais podem ser incorporados à legislação para garantir que empresas de todo o mundo se interessem em sediar seus negócios no país. Com isso, diferentes blockchains poderão concorrer saudavelmente, aumentando as opções para os consumidores finais;
- Tecnologias no setor público: no Brasil, o Drex está sendo desenvolvido por meio da tecnologia blockchain para garantir escalabilidade e integração com as finanças descentralizadas (DeFi). O mesmo poderia ser feito na Argentina para facilitar a interoperabilidade econômica;
- Fomentar a colaboração internacional: iniciativas globais estão sendo desenvolvidas para que países sejam capazes de trocar informações e construir legislações integradas. A Argentina está utilizando stablecoins cada vez mais, o que pode simplificar a vida da população na execução de negócios transfronteiriços.
Caso o governo prossiga com a postura favorável às criptomoedas, espera-se que os argentinos apresentem suas próprias soluções digitais em favor da nova economia. Devido ao dinamismo do universo Web 3.0, pode ser complicado para o governo acompanhar as tendências. Isso não significa, contudo, que se trate de uma tarefa impossível, e sim de algo que requer vigilância constante e participação pública.
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