BC mira liderança tecnológica com Drex e “Novo PIX”
Durante o painel de abertura do Blockchain.Rio 2025, Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central do Brasil (BCB), apresentou as novidades do PIX e o avanço da economia digital no país. O evento, realizado no dia 6 de agosto, contou também com a participação do senador Carlos Portinho (PL-RJ), relator do projeto do Drex (Real Digital).
Segundo Galípolo, atualmente 42% do orçamento do Banco Central está direcionado à tecnologia. O objetivo é garantir que o Brasil continue à frente de outras infraestruturas bancárias no mundo, como o SWIFT, que, apesar de consolidado e seguro, ainda precisa de transparência e agilidade.
Banco Central: cripto é “relativamente estranho”
Galípolo comentou que o processo de entendimento e de regulamentação do mercado cripto “é algo relativamente estranho” ao Banco Central, que ainda trata o tema com reservas. “Uma das exigências para a ocupação do cargo de presidente do BC é ser um pouco acima da média em conservadorismo”, comentou.
Como o Drex busca transformar o ecossistema financeiro nacional em digital, a resistência está ligada à natureza do processo de emissão e controle compartilhado das criptomoedas. No entanto, o Drex é desenvolvido com uma infraestrutura capaz de se comunicar com outros ecossistemas cripto – inclusive os descentralizados. Durante o evento, o senador Portinho destacou que o governo federal estuda desenvolver um sistema eleitoral em blockchain.
O que virá no “Novo PIX”?
O presidente do BC detalhou cinco funcionalidades que devem ser implementadas no uso do Pix. Ainda sem data de lançamento, as propostas estão em fase de desenvolvimento.
Pix por aproximação
Usuários poderão realizar pagamentos via Pix por aproximação através do smartphone. A funcionalidade já existe em cartões de crédito e débito, desde que sejam vinculados a uma intermediária de pagamento, como o Google Pay.
Com essa inovação, será possível associar as chaves a esses serviços, o que pode facilitar as movimentações e, em alguns casos, reduzir custos (visto que as taxas para essa modalidade de pagamento geralmente são menores).
Pix automático
Contas e assinaturas de serviços de streaming poderão ser configurados para cobranças recorrentes. Assim, o uso de cartão de crédito deixará de ser obrigatório em muitos casos.
Parcelamentos
Atualmente, apenas pagamentos à vista podem ser feitos por meio da tecnologia. Em breve, compradores poderão parcelar suas compras por meio dela no varejo, gerando alternativas mais competitivas no mercado.
MED 2.0
Esta infraestrutura permitirá ao usuário contestar transações via Pix com maior facilidade e agilidade. O processo poderá ser feito dentro do próprio aplicativo bancário e atenderá vítimas de fraudes e golpes de todas as modalidades.
Pix Garantido
Empresas poderão utilizar seus recebimentos futuros em Pix como garantia para obter empréstimos mais acessíveis. Galípolo acredita que, dessa forma, a taxa de juros praticada pelos bancos será reduzida, pois as movimentações em conta poderão trazer algum “conforto” no momento da liberação de crédito.
“Temos um custo de crédito muito elevado para pessoas físicas e jurídicas. É muito superior à Selic. O Pix Garantido é uma das maneiras de tentar contornar isso, pois pode aumentar a confiança e amenizar os riscos”, comentou.
Principais desafios do Banco Central
A expansão do Pix e o avanço do Drex demonstram que o Banco Central busca equilíbrio entre segurança e inovação, mesmo diante da complexidade ao abordar inovação em blockchain no Brasil. Questões como lavagem de dinheiro e evasão de divisas fazem parte da pauta do órgão. Em fevereiro de 2025, Galípolo contestou a maneira como as criptomoedas são utilizadas no Brasil.
Segundo reportagem da CNN, o presidente do BC questionou os motivos por trás do crescimento da adoção de ativos digitais. Ele mencionou que 90% das movimentações analisadas pelo órgão foram relacionadas a stablecoins.
À época, Galípolo considerou que o BCB entendia o fenômeno como uma forma mais fácil de ter uma conta em dólares. Hoje, a postura do presidente apresenta mais flexibilidade e objetividade, com foco na interoperabilidade entre diferentes ecossistemas financeiros digitais.
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