Bitcoin para sempre: El Salvador aprova ‘reeleição infinita’ de Bukele
A Assembleia Legislativa de El Salvador, dominada pelo partido Novas Ideias, aprovou na quinta-feira (31) uma emenda constitucional que permite a reeleição presidencial indefinida. A mudança consolida ainda mais o poder do presidente Nayib Bukele, figura central no projeto de transformar o país no primeiro criptoestado do mundo.
A reforma também estende o mandato presidencial de cinco para seis anos e elimina o segundo turno eleitoral. Com 57 votos a favor e apenas três contra, a votação confirmou o amplo controle do governo sobre o Legislativo. A deputada Ana Figueroa, responsável por apresentar a proposta, afirmou que o objetivo é “entregar estabilidade ao povo”. Enquanto isso, a oposição classificou a medida como um ataque direto à democracia.
Para os defensores do projeto Bitcoin, a permanência de Bukele no poder garante a continuidade de iniciativas como a Bitcoin City e a manutenção do tesouro nacional em BTC. Desde 2021, o governo centraliza parte da política econômica na adoção da criptomoeda, o que inclui incentivos a empresas do setor e programas públicos baseados em ativos digitais.
Contudo, parte da comunidade cripto vê o movimento como uma contradição grave. Enquanto Bukele promove o Bitcoin como símbolo de liberdade financeira, seu governo centraliza decisões, limita o debate público e enfraquece instituições democráticas. Para muitos maximalistas do BTC, o risco agora é que o projeto dependa exclusivamente da estabilidade de um único líder.
El Salvador e Bitcoin
Além disso, o governo enfrenta pressão crescente de entidades internacionais. O acordo firmado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) em troca de um empréstimo de US$ 1,4 bilhão impôs restrições severas ao uso do Bitcoin como moeda oficial. A aceitação do BTC no comércio passou a ser voluntária. Os impostos voltaram a ser cobrados em dólar e a Chivo Wallet será encerrada.
Essas condições do FMI também proíbem novas compras de BTC pelo setor público e limitam atividades de mineração com recursos estatais. O próprio Fundo já questionou se o país realmente está aumentando suas reservas em bitcoin ou apenas projeta uma imagem que não condiz com a realidade.
Ainda assim, Bukele mantém sua popularidade alta, principalmente por causa da sua guerra contra as gangues, que prendeu mais de 70 mil pessoas desde 2022 sob estado de exceção. A maioria dos salvadorenhos apoia o presidente, mesmo diante das denúncias de abuso de poder e violações de direitos humanos.
Agora, com reeleição ilimitada assegurada e pressões externas se intensificando, o futuro do experimento cripto de El Salvador entra em uma fase decisiva. Se por um lado a estabilidade política pode favorecer investimentos e dar continuidade ao projeto Bitcoin, por outro, o excesso de poder nas mãos de Bukele ameaça os princípios de descentralização e liberdade que sustentam o mercado cripto.
O tempo dirá se Bukele será lembrado como o visionário que reinventou a economia de um país por meio do Bitcoin ou como o líder que transformou uma promessa de autonomia digital em uma dependência perigosa do próprio Estado.
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