Como as criptomoedas anônimas podem entrar nos negócios?
Ativos como bitcoin (BTC) e ether (ETH) são amplamente utilizados em plataformas blockchain em todo o mundo. No entanto, as criptomoedas anônimas, que existem há bastante tempo, também têm o seu valor e podem ser uma alternativa viável em situações específicas.
Eles não costumam ser mencionados no mainstream com frequência, mas compõem o portfólio de milhões de investidores. Além disso, muitos desses projetos são conhecidos pela robustez e segurança, equiparável às tecnologias Web3 mais consolidadas.
O que são criptomoedas anônimas?
Também conhecidas como privacy coins, são moedas desenvolvidas com o objetivo principal de garantir o máximo de privacidade e anonimato às transações.
Tanto o BTC quanto o ETH são consideradas “pseudo-anônimas”, pois as transações são públicas e registradas em um livro-razão digital que pode ser verificado por qualquer pessoa. Já as criptomoedas anônimas se destacam por ocultar esses detalhes.
Caso o usuário realize uma transferência de criptomoedas dessa natureza, terceiros não poderão monitorá-la através de nomes, endereços de carteira e outras informações de identificação.
Lançada em 2014, a Monero (XMR) é a primeira criptomoeda anônima do mundo. Ela garante transações não rastreáveis por meio das seguintes tecnologias:
Ring Signatures (Assinaturas em Anel)
As transações recebem assinaturas misturadas com as de outras movimentações em rede, tornando o rastreio praticamente impossível.
Stealth Addresses (Endereços Ocultos)
Cada movimentação gera endereços únicos para ofuscar o receptor da transação.
RingCT (Transações Confidenciais em Anel)
Esta tecnologia é utilizada para ocultar o valor de cada transação realizada pelos usuários.
Além da Monero, existem várias outras criptomoedas anônimas: ZCash (ZEC), Dash (DASH) e Verge (XVG) estão entre as mais populares, cada qual contendo uma arquitetura completamente distinta para atingir a mesma finalidade.
Qual a importância das criptomoedas anônimas?
Por meio de uma análise de dados sofisticada, é possível rastrear o fluxo dos fundos e, em alguns casos, vinculá-los a identidades reais. As criptomoedas anônimas evitam que isso aconteça, uma vez que grande parte das informações relacionadas às movimentações é ocultada.
Se, por exemplo, for descoberto que um determinado endereço de carteira, responsável por grandes movimentações, está diretamente relacionado a um negócio específico, isso pode ser prejudicial. Concorrentes podem obter informações valiosas sobre o fluxo de caixa da companhia e estratégias de mercado e tirar proveito disso.
Por outro lado, os ativos anônimos podem prevenir que esse tipo de problema ocorra. Afinal, a privacidade financeira é colocada em um patamar ainda mais elevado que o normal.
Casos de uso das criptomoedas anônimas
Existem inúmeros casos de uso legítimo que podem ser explorados pelas empresas. Eis alguns exemplos:
Sigilo comercial
Conforme mencionado anteriormente, certas transações financeiras devem ser mantidas confidenciais, sobretudo as que estão relacionadas a fusões, aquisições e desenvolvimento de novos produtos e serviços.
A natureza privada das criptomoedas anônimas garante que essas informações não se tornem públicas antecipadamente, permitindo a concorrentes e maus atores agirem de forma a frustrar os esforços do negócio.
Privacidade de fornecedores e clientes
Certos segmentos, como escritórios de advocacia, corretoras de câmbio e de valores mobiliários, sociedades de arrendamento mercantil e cooperativas de crédito são obrigados a garantir a privacidade financeira de seus clientes. Nesse sentido, os ativos anônimos podem desempenhar um papel decisivo de acordo com as regulamentações.
No Brasil, existem duas leis principais sobre a pauta: a Lei Complementar nº 105/2001 (Lei do Sigilo Bancário) e a Lei nº 13.709/2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, a LGPD). Criptomoedas anônimas, desde que devidamente declaradas à Receita Federal, conforme Instrução Normativa RFB nº 1.888/2019, podem ser utilizadas para tal finalidade.
Cibersegurança
Com valores, destinatários e remetentes ocultos, as transações se tornam menos suscetíveis a ataques direcionados baseados na análise das informações em blockchain. Com isso, mesmo que determinadas falhas sejam detectadas pelos criminosos, dados cruciais que poderiam vir a colocar em risco a integridade financeira, moral ou mesmo física dos participantes não serão comprometidos.
Em termos técnicos, as criptomoedas anônimas não proporcionam ” superfícies de ataque” adicionais a maus atores. Isso faz com que certas movimentações sejam potencialmente mais vantajosas em blockchains anônimas.
Resistência à censura
Em ambientes comerciais hostis, nos quais a liberdade financeira é colocada em xeque, estes ativos podem, em teoria, superar as amarras comerciais e permitir a circulação de bens e de serviços, especialmente às camadas sociais mais afetadas.
Além disso, empresas interessadas em realizar ajudas humanitárias em locais de alto risco podem fazer uso destes ativos. Basta que o destinatário tenha uma carteira devidamente configurada para receber os fundos.
Muitas possibilidades, que exigem precauções
A legislação brasileira não distingue se os ativos virtuais são (ou não) de privacidade: isso significa que as regras vigentes valem para toda e qualquer criptomoeda. Portanto, as políticas de combate à lavagem de dinheiro (AML) e de exigência de conhecimento sobre o cliente (KYC) precisam ser integradas a essas movimentações, também.
Desde que nenhuma etapa regulatória seja ignorada, a utilização das criptomoedas anônimas pode se mostrar consideravelmente vantajosa, portanto, em especial para determinados nichos de mercado.
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