Como o “tarifaço de Trump” impacta as criptomoedas?

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A expressão “tarifaço de Trump” tornou-se rapidamente popular em todo o mundo e se refere ao aumento significativo das tarifas de produtos nos Estados Unidos. A taxação foi ampliada neste mandado do presidente norte-americano, mas começou a ser implementada em 2018 – no início do seu mandato anterior. Ela engloba cerca de 185 países, de acordo com o Valor Econômico e tem implicações diretas no mercado de criptomoedas e demais ativos blockchain

A medida tem caráter protecionista, com o objetivo de fomentar a industrialização do país, reduzindo a sua dependência sobre outras nações. Petróleo, minerais críticos (terras raras, lítio e cobalto), manufaturados e cadeias de suprimentos globais compõem boa parte da dependência financeira norte-americana em relação ao resto do mundo.

Mesmo o governo brasileiro respondeu à mudança, mantendo o diálogo aberto com os EUA para negociar e tentar reduzir o impacto das tarifas. Para tanto, buscou fortalecer as relações com outros grandes players, como a China e alguns países da União Europeia. 

Compreender as implicações geopolíticas por trás das tarifas dos EUA é fundamental para que os investidores cripto desenvolvam estratégias inteligentes de proteção patrimonial.

As consequências negativas do “tarifaço de Trump”

Tendo em vista o poder do dólar americano na economia global, estes são os impactos esperados pela medida do atual governo:

Aumento de custos

A China é líder em exportações de produtos manufaturados no mundo, graças ao grande investimento em infraestrutura, cadeias de suprimentos bem estabelecidas e custos de produção competitivos. Entretanto, o governo norte-americano ampliou as tarifas de 34% para 125% sobre importações chinesas, o que certamente impacta os valores de muitos produtos para o consumidor final.

Para conferir a lista completa de tarifas, o The Guardian fez um compilado atualizado. No presente momento, todas as tarifas, com exceção das chinesas, foram fixadas em 10% para os próximos 90 dias.

Devido ao aumento nos preços dos produtos, o dólar tem enfrentado significativa volatilidade. Em 9 de abril, a cotação da moeda fechou em R$ 5,84, registrando recuo de 2,54%, de acordo com o G1.

Exchanges de criptomoedas, em sua maioria, têm maior liquidez em mercados pareados com o dólar americano ou altcoins atreladas diretamente ao seu valor. Devido à instabilidade do ativo, os usuários poderão ser afetados diretamente em operações de venda.

Tensões econômicas globais

Devido ao aumento de custos, guerras comerciais e tensões econômicas podem afetar a performance global dos mercados, incluindo o de criptomoedas. Por exemplo, a União Europeia aprovou uma retaliação aos EUA, aplicando tarifas de 25% sobre várias importações do país a partir do dia 15 de abril.

Liderado pelo Vale do Silício, os Estados Unidos são a sede de grandes nomes da tecnologia, como Microsoft, Google e Amazon. Componentes eletrônicos e equipamentos de mineração poderão ser afetados, influenciando o preço e a produção de criptomoedas.

Influência na política monetária

Situações como esta podem influenciar as políticas a serem tomadas do Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA. Mudanças nas taxas de juros, bem como outras políticas monetárias (que também podem envolver ativos digitais) poderão ser aplicadas tanto pelos norte-americanos como por outros países e blocos econômicos.

Por exemplo, o Markets in Crypto-Assets (MiCA) rege todas as principais regras e normas para que criptomoedas circulem dentro de países pertencentes à UE. Caso os ânimos se mantenham aquecidos, exceções e tarifas adicionais poderão ser impostas a projetos registrados nos Estados Unidos, diminuindo a natureza inclusiva dos ecossistemas digitais.

Outros blocos econômicos, como o Mercosul e a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), demonstraram preocupação com o “tarifaço de Trump”. Para reduzir a instabilidade, membros destas organizações estão fortalecendo suas relações bilaterais com outras nações.

Fatores que reduzem os impactos do “tarifaço de Trump”

Ainda que as tarifas estejam causando rebuliço internacional, algumas características do universo blockchain ajudam a atenuar os pontos negativos. Estas são as principais:

Busca por alternativas financeiras

Existem mais de 10 mil criptomoedas à disposição dos usuários. Em momentos de crise, muitos investidores buscam alternativas para proteger seu patrimônio; tendo em vista a característica deflacionária dos principais ativos digitais, essa pode ser uma saída interessante para manter a rentabilidade do portfólio.

Diferentemente do papel-moeda, as criptomoedas descentralizadas e distribuídas não exigem qualquer tipo de filtro governamental para serem armazenadas em carteiras digitais. Assim, parte da carteira de investimentos pode ser alocada em ecossistemas independentes.

Mesmo as stablecoins podem ajudar a diversificar as aplicações. Pagamentos digitais com baixo custo, transações em tempo integral e comportamentos integrados são integrados a estes ativos, tornando-os opções estáveis e financeiramente viáveis a pessoas de qualquer poder aquisitivo.

Descentralização e resistência à censura

A natureza descentralizada dos principais criptoativos pode servir como “válvula de escape” contra ações potencialmente negativas à economia nacional. Por serem menos suscetíveis ao controle governamental, podem ser utilizadas para resguardar fundos.

Dada a natureza deflacionária do bitcoin (BTC) e do ether (ETH), por exemplo, tratam-se de ativos com alto potencial de rentabilidade no longo prazo, ainda que o seu cenário atual seja de correção.

Investimentos em outras naturezas de ativos, como tokens não fungíveis (NFTs), também podem ser uma alternativa interessante para diversificar a carteira. Isso porque os NFTs deixaram de ser somente sinônimo de artes digitais registradas em blockchain e hoje são utilizados para os mais variados fins, como programas de fidelidade, colecionáveis e itens de metaverso.

Novos meios de financiamentos e investimentos

É possível solicitar empréstimos e realizar financiamentos por meio de outras modalidades puramente digitais. Por exemplo, empréstimos com garantia de criptomoedas podem ser realizados em poucos instantes, garantindo aportes em stablecoins ou mesmo em ativos tradicionais.

Um dos principais diferenciais está nas taxas de juros cobradas pelas plataformas, que são normalmente mais acessíveis que serviços bancários usuais.

Além disso, modalidades de investimentos como o Yield Farming são uma boa alternativa para gerar renda passiva. Essa estratégia consiste em prover liquidez a plataformas financeiras tradicionais (DeFi) por meio do depósito de criptomoedas em pools. Dividendos são compartilhados regularmente entre os participantes de acordo com a quantia aplicada.

Trata-se de um mecanismo válido aos que desejam construir uma renda extra com criptomoedas, mas sem os riscos envolvendo trading e outras modalidades de investimentos.

Criptomoedas no combate à crise econômica global

Imagem gerada por Inteligência Artificial

Albert Einstein certa vez comentou: “Quem supera a crise, supera a si mesmo sem ficar superado”. Mesmo em cenários geopolíticos complicados, as criptomoedas servem como um alívio à economia tradicional em vários aspectos, diminuindo os impactos do chamado “tarifaço de Trump”.

Além do potencial deflacionário anteriormente comentado, diversas tecnologias foram — e estão sendo — desenvolvidas de forma que investidores sejam capazes de solidificar seus portfólios. Não é mais necessário possuir uma conta bancária para solicitar um empréstimo ou fazer investimentos em determinados projetos, o que certamente é uma vantagem especial em países desbancarizados.

Embora não seja recomendável colocar todas as fichas em um só lugar, pode ser uma boa ideia aplicar parte do patrimônio em criptomoedas e demais ativos virtuais. Enquanto as tensões diplomáticas se demonstrarem presentes, iniciativas descentralizadas e híbridas (que atuam tanto em mercados centralizados como descentralizados) devem ser levadas em conta.

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  • 16 de Abril, 2025