Correlação entre Bitcoin e ações retorna e traz riscos no curto prazo
Desde a eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA em 5 de novembro, o Bitcoin (BTC) subiu cerca de 47%, superando nitidamente o avanço de 4% do S&P 500. No entanto, essa discrepância traz de volta uma correlação negativa entre BTC e o índice de ações que pode trazer novas (e fortes) correções no curto prazo.
O movimento ocorreu porque o S&P 500 se prejudicou por causa do corte de juros nos Estados Unidos em dezembro. Juros em queda tendem a beneficiar as ações, mas neste caso o corte serviu para trazer pessimismo ao mercado.
Por outro lado, a vitória de Donald Trump nas eleições serviu como impulso para o BTC renovar novas máximas. Mas nesta terça-feira (07), a criptomoeda virou e registra queda de 4,6%, valendo US$ 97.746. E esta relação entre BTC e ações pode trazer perdas ainda maiores.
Juros impactam relação
Andre Dragosch, chefe de pesquisa da Bitwise na Europa, falou sobre outros fatores que afetam a divergência entre Bitcoin e as ações. Um desses fatores é justamente a expectativa com os juros dos EUA, que devem cair menos intensamente do que o mercado esperava
“Minha opinião sobre Bitcoin versus S&P 500 é que o mercado de ações foi afetado negativamente pelo corte agressivo de taxas do Fed em dezembro. O Fed revisou seus cortes de taxas planejados para 2025 para apenas dois cortes de taxas, menos do que o divulgado anteriormente e menos do que o previsto pelos mercados financeiros”, disse Dragosch.
Isso significa que as taxas de juros, embora estejam em queda, devem continuar em patamares elevados durante um período maior de tempo. Os juros mais altos tornam mais atrativas as aplicações de renda fixa, prejudicando ativos como o Bitcoin.
De maneira geral, o BTC e o S&P 500 apresentam uma correlação divergente: quando um se valoriza, o outro perde valor. No entanto, os dois começaram a se mover juntos novamente, sua correlação atingindo 0,88 (com 0 sendo nenhuma correlação e 1 começando a correlação absoluta) na média móvel de 20 dias mais recente.
Apesar da correlação entre BTC e S&P 500 demonstrar perigo, os BTC estão ficando mais escassos no mercado. De acordo com a Glassnode, o balanço de BTC nas plataformas atingiu o menor nível desde 2022, indicando que a demanda pela criptomoeda segue elevada.
Dólar forte no mundo
Ao mesmo tempo, o índice DXY, que mede o valor do dólar americano em relação a uma cesta das principais moedas, subiu 5%, pressionando ainda mais os ativos de risco. Isso pode indicar um prejuízo ao Bitcoin, cujo preço pode cair mais do que as perdas registradas nesta terça-feira.
Mas Dragosch explica que ele se manteve relativamente bem graças a outros fatores, entre eles a queda contínua da oferta de BTC nas exchanges. “Os saldos de Bitcoin das exchanges continuaram a cair apesar da realização de lucros”, afirmou.
“Embora os fatores on-chain provavelmente forneçam um vento favorável significativo pelo menos até meados de 2025, a deterioração no quadro macro pode representar riscos de curto prazo para o Bitcoin também, especialmente por conta da correlação ainda relativamente alta com o S&P 500”, concluiu Dragosch.
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