Criptomoedas já não podem mais ser ignoradas por bancos tradicionais
Os avanços tecnológicos no setor financeiro, adotados, em grande parte, pelas organizações ligadas à criptomoedas, já não podem mais ser ignorados por instituições tradicionais. A avaliação é do diretor da área internacional e câmbio no Bradesco, Roberto Medeiros, que trabalha no projeto piloto do banco para o uso de stablecoins em transações internacionais.
Para o Valor Econômico, o executivo explicou que os testes feitos para transações on-ramp e off-ramp, liquidadas na stablecoin USDC, serão conduzidos em parceria com uma empresa de infraestrutura em blockchain. Assim, o processo funciona da seguinte maneira: o exportador vende o produto no exterior e o importador paga em stablecoins à infraestrutura em blockchain. Essa, por sua vez, envia ao banco, em dólares, o valor equivalente ao que recebeu em moedas digitais estáveis. Por fim, o banco converte esse valor em reais e o direciona ao exportador.
Stablecoins oferecem ganho operacional
As stablecoins são criptomoedas projetadas para manter um valor estável, geralmente lastreadas em moedas como o dólar ou o euro, ou até mesmo em commodities. Essa estabilidade é essencial para aplicações comerciais, já que elimina o risco de flutuações bruscas comuns em outras criptos, como bitcoin e ether. Para operações internacionais, onde as transferências bancárias podem levar dias e sofrer com taxas elevadas, as stablecoins oferecem uma alternativa rápida e econômica.
Essa premissa de ganho operacional é uma das principais defesas feitas pelo banco a fim de justificar a investida no universo cripto. Somado a isso, a consulta pública do Banco Central que tem como objetivo de regulamentar e incluir no mercado de câmbio as atividades e operações que envolvem criptomoedas, se alinhou com as demandas por maior eficiência e menor custo.
“Quando vimos as pontas se ligando, com BC regulando e clientes demandando, achamos que era o momento ideal”, revelou Medeiros.
Uma das opções já disponíveis no mercado, é o BRZ, stablecoin cujo valor é proporcional à cotação do Real Brasileiro. Para a CRO da Transfero Group, Juliana Felippe, a incorporação das criptomoedas no negócio permite que as empresas desperdicem menos possibilidades, especialmente no que diz respeito a pagamentos.
“Se pensarmos em qualquer empresa que não queira ter tanta burocracia para poder movimentar dinheiro de um lugar para o outro, há vários casos de uso nesse sentido”, explicou a executiva.
Criptomoedas na mira dos bancos
A adoção de criptomoedas pelos bancos brasileiros reflete uma mudança de postura em relação às inovações financeiras. Após o sucesso do Pix, o sistema de pagamentos instantâneos, essas instituições estão mais abertas a incorporar novas tecnologias. De acordo com o head de Digital Assets do BTG Pactual, André Portilho, “dos cinco maiores bancos do Brasil, todos têm iniciativas em cripto”. Essa abertura indica um movimento estratégico para atender à demanda dos clientes e acompanhar as tendências globais no setor financeiro.
Nos últimos anos, instituições como Banco do Brasil, Itaú Unibanco e BTG Pactual têm demonstrado um interesse crescente em criptomoedas, integrando esses ativos em seus serviços. Esse movimento aponta para o reconhecimento do potencial do mercado cripto para a diversificação de investimentos das organizações. De acordo com o Jornal do Brasil, o Banco do Brasil, por exemplo, já permite que seus clientes invistam em fundos com exposição a criptomoedas, enquanto o BTG Pactual lançou a plataforma Mynt, que facilita a compra e venda de moedas digitais.
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