Educação em cripto gera desenvolvimento responsável, afirma Fábio Moraes
Diante de um mercado de criptomoedas ainda recente e com projeções de crescimento acentuadas, é natural que aumente tanto a presença de novos agentes quanto a adesão de um público ainda pouco familiarizado com o setor. Nesse cenário, o diretor de educação e pesquisa da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABcripto), Fábio Moraes, avalia que o desenvolvimento responsável do ecossistema passa, necessariamente, por uma base educacional sólida.
Com trajetória acadêmica e institucional que inclui passagens por Insper, Ibmec, Sebrae e Febraban, Moraes tem como missão tornar o conhecimento sobre criptoeconomia acessível a todos os perfis, do estudante ao profissional sênior.
“O nosso objetivo é fornecer informações claras e acessíveis que facilitem a tomada de decisões informadas e alinhadas com as inovações do setor”, destacou em entrevista ao PanoramaCrypto.
Acompanhe outros dos principais trechos da conversa:
O que o motivou a migrar para a criptoeconomia e ao desafio de liderar a área de Educação e Pesquisa da ABcripto?
A minha trajetória tem sido pautada pelo compromisso com a educação transformadora e acessível. Na Febraban, por exemplo, desenvolvi o programa “Meu Bolso em Dia”, que alcançou milhões de brasileiros, promovendo a saúde financeira e prevenindo o superendividamento. Quando recebi o convite da ABcripto, enxerguei uma oportunidade de aplicar esse conhecimento em um novo contexto, o da criptoeconomia, que é desafiador, mas também extremamente promissor. O setor de ativos virtuais precisa de uma base educacional sólida para crescer com responsabilidade, e é exatamente isso que viemos construir aqui.
A sua chegada coincide com a criação da área de Educação e Pesquisa. Quais são os principais objetivos dessa divisão?
Queremos posicionar a ABcripto como o principal hub de conhecimento do setor de criptoativos no Brasil. Isso envolve o desenvolvimento de conteúdos acessíveis, programas de capacitação técnica e regulatória, produção de pesquisas e publicações que ajudem tanto o público quanto os profissionais a navegar nesse universo com mais segurança. A criação da Certificação de Especialista em Ativos Virtuais (CEAV) é um grande exemplo dessa missão se concretizando, oferecendo formação estruturada e credenciamento para quem quer atuar de forma séria no setor.
Pode dar mais detalhes sobre o CEAV?
O CEAV é o nosso primeiro grande passo para a consolidação da ABcripto como um centro gerador de conhecimento. Trata-se de uma certificação inédita no país, com módulos que abordam blockchain, Web3, regulação, compliance, tecnologia e negócios em um só programa, aproximando profissionais de diversas frentes.
A ABcripto se define como um ponto de conexão entre projetos e práticas de excelência que, muitas vezes, estão isolados no ecossistema cripto. Como isso se materializa na prática?
Por meio da educação, que consideramos ser um elo natural entre os diversos atores da criptoeconomia. Estamos elaborando uma plataforma educacional que oferecerá cursos online, trilhas formativas, educação continuada e publicações técnicas. Nosso objetivo é tornar esse conhecimento acessível para todos, do estudante ao profissional sênior.
Nesse sentido, estamos criando uma rede de especialistas certificados, o que fortalece a interlocução entre empresas, academia, governo e sociedade civil, promovendo a padronização de boas práticas e o intercâmbio de experiências.
Quais são hoje os principais desafios para a educação sobre criptoativos e blockchain no Brasil, especialmente entre investidores, desenvolvedores e reguladores?
Há muitos desafios, desde a baixa familiaridade do público geral até a falta de conteúdo técnico estruturado para profissionais que já atuam no mercado. Também vemos dificuldade por parte de reguladores e tomadores de decisão em acompanhar a velocidade da inovação. Isso porque a tecnologia avança em um ritmo muito mais acelerado em comparação ao nosso processo de entendimento de qualquer cenário, e até mesmo das discussões legais, por exemplo. Isso sempre será assim, porque a tecnologia é, por natureza, mais rápida
E como se reduz esse descompasso?
Desenvolvendo programas educativos para diferentes públicos, incluindo reguladores, legisladores e membros do judiciário. A plataforma educacional que estamos elaborando busca justamente endereçar essas lacunas, oferecendo uma formação multidisciplinar e alinhada às melhores práticas internacionais, preparando os profissionais para responder a essas demandas com responsabilidade técnica e ética.
O nosso objetivo é fornecer informações claras e acessíveis que facilitem a tomada de decisões informadas e alinhadas com as inovações do setor.
Há um planejamento para uma abordagem mais ampla, que passe por questões como sustentabilidade, ética e inclusão financeira?
Sim, acreditamos que uma abordagem integrada é essencial. Nossos programas educacionais incluirão módulos que abordam não apenas os aspectos técnicos e de investimento, mas também questões éticas, regulatórias e de impacto social. O próprio CEAV já exige dos candidatos adesão a um Código de Ética e a um programa de educação continuada. Isso porque acreditamos que o conhecimento técnico precisa vir acompanhado de princípios. Vamos estimular o debate sobre o papel da criptoeconomia na inclusão financeira e na sustentabilidade do mercado, inclusive na discussão regulatória.
Como encaram a possibilidade de colaboração com outros agentes do mercado e com o poder público?
A colaboração é fundamental. Estamos estabelecendo parcerias com instituições acadêmicas, órgãos governamentais e empresas do setor privado para desenvolver programas conjuntos de capacitação e pesquisa. Essas colaborações permitirão a criação de conteúdos mais abrangentes e a realização de eventos que promovam o diálogo entre os diversos atores envolvidos na criptoeconomia.
Uma educação estruturada e colaborativa pode transformar o ecossistema cripto, tornando-o mais acessível, seguro e inovador. Ao capacitar indivíduos e instituições, promovemos a adoção consciente e responsável das tecnologias emergentes, o que fortalece a confiança no mercado e estimula o desenvolvimento de soluções que atendam às necessidades reais da sociedade.
Há iniciativas ou instituições, dentro ou fora do Brasil, que inspiram a atuação da ABcripto?
É possível destacar os conteúdos desenvolvidos pelas diversas fundações ligadas à ecossistemas cripto, como a Fundação Polkadot, parceira da ABcripto. Além de plataformas abertas, como a Bitget Academy, CoinMarketCap Alexandria, CoinDesk Learn, Udemy e Coursera. Muitos de nossos associados possuem conteúdos incríveis e iremos propor parcerias também.
Temos desenvolvido cursos com a participação direta dos nossos membros como docentes ou por meio de conteúdos já consolidados. Acreditamos que a Transfero Academy agregará muito valor a esse ecossistema.
De que maneira?
A parceria com a Transfero Academy será pautada pelo intercâmbio de conhecimento, com foco na criação de conteúdos inéditos e na integração de materiais existentes. Nosso objetivo é construir a maior plataforma educacional sobre cripto da América Latina e, no futuro, nos tornarmos uma referência global.
E para quem está entrando agora no universo dos ativos digitais, qual o primeiro passo que recomenda?
Recomendo consultar a própria ABcripto como fonte de informação. Nós oferecemos uma série de materiais gratuitos, além da própria CEAV, que pode ser um excelente primeiro passo para quem quer se aprofundar. O exame é acessível, pode ser feito online, e cobre os principais pilares que qualquer interessado precisa conhecer. Além disso, entrar em comunidades de discussão e eventos também ajuda bastante no início da jornada.
Por fim, o que podemos esperar da ABcripto nos próximos meses no campo educacional?
Nos próximos meses, nossa prioridade será estruturar e lançar iniciativas de formação de profissionais e ampliação do conhecimento sobre a criptoeconomia no Brasil. Estamos construindo uma agenda educacional robusta, que contempla desde programas de capacitação até conteúdos voltados ao público geral, passando por parcerias estratégicas com instituições de ensino, entidades reguladoras e representantes do mercado. Nosso compromisso é criar caminhos acessíveis, confiáveis e de alta qualidade para que mais pessoas compreendam e participem ativamente desse ecossistema em crescimento constante.
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