Entenda como a adoção de criptomoedas na América Latina está crescendo

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A adoção das criptomoedas na América Latina é uma das maiores do mundo, segundo relatório da Chainalysis. Questões sócio-econômicas, como a desvalorização das moedas oficiais e recessões regulares, levaram a esse cenário no qual Argentina, Brasil, El Salvador e México se posicionaram entre os países globais que mais adotam a tecnologia. Mas, embora esses países compartilhem algumas causas em comum, a maneira como cada um conduz a revolução do novo dinheiro é diferente.

Segundo o CEO da Transfero, Márlyson Silva, “conforme as pessoas estudam e são educadas sobre cripto, elas começam a usar o BRZ diariamente. Por exemplo, eu não uso meus cartões de banco, e sim a stablecoin para pagar minhas contas. Quando viajo, não preciso converter o saldo em dólares ou euros, e sim o BRZ para pagar meu café”, explica, ilustrando como plataformas de pagamentos que operam com criptomoedas ajudam no processo globalização econômica.

Brasil: um dos líderes da América Latina

O Brasil está em segundo lugar no ranking regional, com cerca de US$ 90,3 bilhões negociados em 2024. Isso significa que as possibilidades de negócios, sobretudo em regiões metropolitanas, tornam-se mais viáveis.

Por conta da desvalorização do Real, especialmente durante a pandemia, muitas pessoas passaram a proteger o patrimônio por meio das criptomoedas. Os mais conservadores aplicam algo em torno de 2% a 5% do capital, enquanto os mais arrojados investem mais de 5%, segundo o Investnews

O processo de integração das economias tradicional e descentralizada tem evoluído no Brasil e o marco regulatório brasileiro vem se desenvolvendo. A Lei 14.478/22 determina as diretrizes para que as provedoras de serviços de ativos digitais trabalhem no país.

O Banco Central do Brasil (BCB), desenvolvedor do Drex, versão digital do Real, também utiliza tecnologia blockchain em sua infraestrutura. Isso permitirá que o órgão integre os serviços financeiros dos usuários às finanças descentralizadas (DeFi) com maior facilidade.

Argentina: adoção em ritmo acelerado

Por conta da crise econômica que persiste no país há anos, a Argentina lidera o ranking em adoção de criptomoedas na América Latina. O peso argentino enfrentou longos períodos de desvalorização e apenas nos últimos anos conseguiu controlar a inflação.

O governo se mostra igualmente favorável à utilização dos criptoativos. O presidente em exercício, Javier Milei, deseja construir um marco regulatório que permita a livre circulação de ativos digitais em todo o território nacional, apesar do problema recente ao promover uma memecoin. A Resolução Geral 994, de acordo com reportagem do DLA Piper, deverá ser revista pelo governo em exercício.

Conforme informado pelo escritório de advocacia Freeman Law, a Seção 765 do Código Civil e Comercial argentino ainda não reconhece os ativos digitais como bens legais, ainda que não exista nenhuma lei que proíba a sua utilização. 

Segundo pesquisa realizada pelo Americas Market Intelligence, 51% dos consumidores argentinos já compraram cripto de alguma forma. Cerca de 27% dos entrevistados afirmam adquirir ativos digitais regularmente para construir seus portfólios. Outro dado interessante é que 98% dos entrevistados afirmam ter algum grau de conhecimento sobre os criptoativos.

Há vários desenvolvedores no país que se especializaram nas linguagens de programação mais consolidadas nos ecossistemas blockchain e, assim, a Argentina tem o potencial de se tornar um “hub” de inovação financeira.

México: um “gigante” da América Central

Stablecoins estão entre os ativos mais utilizados no México, que apresenta um forte crescimento na utilização de criptomoedas pelo público em geral.

Segundo reportagem da Microsoft, 63% da população adulta no país não tem conta em banco e as criptomoedas ajudam a formalizar a vida financeira dessa população, uma vez que o processo de integração é mais rápido e simplificado do que a burocracia exigida para abrir conta em banco tradicional.

Embora não exista uma regulamentação específica sobre criptomoedas, a Lei de Instituições de Crédito e a Lei para Prevenir e Identificar Operações de Recursos de Procedência Ilícita são utilizadas pelas autoridades para garantir a integridade financeira dos cidadãos. O Banco de México (que é o banco central do país) quer criar uma moeda digital (CBDC) para modernizar o sistema financeiro atual e estabelecer regras claras sobre a circulação de ativos digitais. 

El Salvador: Bitcoin como moeda oficial

O presidente salvadorenho, Nayib Bykele, foi o primeiro da história a tornar o bitcoin (BTC) uma moeda oficial do país. O ativo foi obrigatório entre 7 de setembro de 2021 a 29 de janeiro de 2025. Agora, os usuários poderão utilizá-lo apenas se assim desejarem.

Políticas monetárias estão sendo construídas pelo Congresso para regulamentar outros tipos de ativos digitais. No momento, a legislação se refere somente ao BTC, mas isso deve ser revisto nos próximos anos, pelo menos do que depender de esforços do mercado cripto.

A Tether Holdings, empresa por trás da stablecoin Tether (USDT), por exemplo, promete mudar a sua sede para El Salvador após conseguir uma licença para operar no país. Ela deixará as Ilhas Virgens Britânicas nos próximos meses.

Adoção de criptomoedas na América Latina avança

Tanto a iniciativa privada quanto a pública estão unindo forças para garantir a coexistência pacífica entre as duas economias. Países emergentes tendem a aceitar as criptomoedas com mais facilidade, tendo em vista a desvalorização das suas moedas fiduciárias ao longo de décadas.

A adoção das criptomoedas na América Latina se tratam de uma forma de proteger o patrimônio de todos os envolvidos, promover a inclusão financeira e a educação tecnológica de maneira simultânea. Afinal, quanto mais inserida a população estiver no assunto, mais profundo será o seu conhecimento e facilidade de adaptação às novas tendências.

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  • 13 de Março, 2025