Evolução do dinheiro: do sal ao digital

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A evolução do dinheiro reflete as transformações sociais, econômicas e tecnológicas da humanidade. Cada etapa – do escambo às moedas digitais – resolve problemas do sistema anterior e traz novos desafios. Com o avanço das criptomoedas e outras inovações, se inicia uma nova etapa dessa trajetória que impacta diretamente as relações econômicas globais.

Apesar das mudanças constantes, um aspecto imutável do dinheiro é o seu valor simbólico. Isso significa que ele só tem valia devido à confiança que a sociedade deposita nele. As funções que desempenha também foram inalteradas em podem ser resumidas em três pontos: comercializar, ter unidade de medida/preço e acúmulo de riqueza.

Escambo e a urgência por um meio de troca universal

As primeiras sociedades desenvolveram um sistema de trocas por necessidades individuais e habilidades. O que começou com o escambo, ou seja, na transação de bens sem a necessidade do intermédio de uma moeda, teve de ser repensado, pois, embora funcional, não garantia coincidência de desejos, dificultando o estabelecimento de um padrão universal para que um determinado meio de troca fosse amplamente aceito.

De acordo com a Casa da Moeda do Brasil, o pagamento se desdobrou para outros elementos, como conchas do mar, sal e até mesmo o gado. Esses dois últimos deram origem aos respectivos vocábulos salário e pecúnia. Contudo, o uso desses bens não se sustentou com as transformações sociais.

Surgimento das moedas e cédulas

Por volta do século VII A.C., as primeiras moedas metálicas foram cunhadas em Lídia, atual Turquia. Feitas de uma liga natural de ouro e prata, essas moedas serviram como modelo para outras regiões e eram cunhadas com diferentes símbolos representativos do governo. No entanto, transportar, manusear e guardar esses ativos se tornou um problema.

A segurança na hora de armazenar o patrimônio deu origem aos bancos. Na época, os comerciantes que possuíam cofres e guardas ficaram responsáveis por cuidar do dinheiro dos clientes. Como forma de atestar a quantidade que estava sendo depositada, um recibo era emitido. Ao passar dos anos, esses recibos passaram a servir como forma de pagamento. Surgiam aí as cédulas de papel-moeda, assim como as instituições financeiras.

Evolução dos bancos

Os negociantes de ouro e prata, nessa nova função de armazenar as quantias dos clientes distribuíam as chamadas “goldsmith´s notes” – que são o estágio embrionário das cédulas que conhecemos hoje. Além disso, desempenhavam outras funções que se assemelham às dos bancos que conhecemos hoje. Esse nome, por sinal, vem da palavra italiana “banco” que se refere à “peça de madeira que os comerciantes de valores oriundos da Itália e estabelecidos em Londres usavam para operar seus negócios no mercado público londrino”, ainda de acordo com o site da Casa da Moeda.

A partir de uma visão mais estratégica, os negociantes notaram que as pessoas não retiravam, na grande maioria dos casos, toda a quantia depositada. Dessa forma, tinham recursos para fazer os primeiros empréstimos em troca de juros. Os bancos, portanto, passaram a acumular riqueza e desenvolver sua estrutura e ampliar atuações.

Com um número maior de bancos, houve a circulação de diferentes cédulas, o que representava um problema, já que nem todas tinham o mesmo grau de confiança. 

Nesse mesmo tempo, os reis concediam o direito de emissão de mais cédulas ou exclusividade na expedição em troca de dinheiro para financiar viagens. Essa combinação permitiu que determinado banco se destacasse ao ponto de sua cédula ser a mais aceita e futuramente ser a oficial do país. Atualmente, chamamos esse tipo de instituição de “Banco Central”, que adquiriu funções de gerir o meio circulante, manter a inflação sob controle, definir as políticas monetárias, entre outras. 

Digitalização do dinheiro

Com o avanço tecnológico, o dinheiro deu mais um salto em sua evolução: a digitalização. A introdução de sistemas de transferência eletrônica e plataformas de pagamento, como PayPal e cartões eletrônicos, tornou as transações mais rápidas e acessíveis. No entanto, esse progresso também trouxe desafios, como a cibersegurança e a inclusão financeira.

Aplicativos financeiros e bancos digitais desafiaram os modelos tradicionais e promoveram maior conveniência e, em muitos casos, custos reduzidos para os usuários.

Criptomoedas e o futuro do dinheiro

O lançamento do bitcoin em 2009 marcou o início de uma nova era no conceito de dinheiro. As criptomoedas, baseadas na tecnologia blockchain, oferecem uma alternativa às moedas tradicionais. Elas eliminam intermediários financeiros e, assim, garantem maior autonomia, agilidade e segurança no processo.

A popularidade crescente de criptoativos, como as stablecoins, bem como a introdução de moedas digitais por bancos centrais (CBDCs), aponta para uma convergência entre o tradicional e o inovador. No Brasil, o Drex que caminha para a segunda fase de testes, apresenta como efeitos esperados o estímulo à inovação financeira, a ampliação da inclusão financeira, a estabilidade e eficiência nas transações, o estímulo ao comércio internacional e o crescimento sustentado da economia.

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  • 3 de Janeiro, 2025