Guia sobre DeFi: como funciona o mercado de finanças descentralizadas?

Share

A sigla significa Decentralized Finance ou, em português, “Finanças descentralizadas”. Dentre as diversas oportunidades que a tecnologia blockchain proporciona, muitas delas fazem parte deste universo ou, pelo menos, foram inspiradas diretamente por ele. É seguro afirmar que se trata de um ambiente importante para a inovação e para a colaboração espontânea.

As oportunidades e benefícios oferecidos pelo DeFi justificam o tamanho do mercado. São mais de US$ 68 bilhões aplicados em centenas de projetos, segundo a Forbes. Os investidores são atraídos pela possibilidade de retorno alto, embora também represente riscos. Geralmente, o ganho mais elevado é fruto de uma maior alavancagem dos investimentos.

Conheça o que é, como essa tecnologia funciona na prática e as oportunidades deste mercado.

O que é DeFi?

DeFi é a utilização de tecnologias como os algoritmos da blockchain, smart contracts (contratos inteligentes), stablecoins e outras para a construção de produtos e serviços financeiros sem a necessidade de intermediários.

A descentralização financeira é, inclusive, uma das razões para a criação do bitcoin: o whitepaper do ativo sugere a sua utilização como um sistema de pagamentos peer-to-peer, ou seja, diretamente entre os próprios usuários.

Dentro das plataformas DeFi, não há uma entidade centralizadora responsável pelo seu controle: em vez disso, a governança é distribuída, cabendo aos desenvolvedores e usuários, em comum acordo, decidirem os próximos passos do projeto.

Os benefícios de DeFi

A tecnologia DeFi oferece produtos financeiros semelhantes aos tradicionais, assim como outros que se diferenciam dos demais, dada a sua infraestrutura diferenciada por meio da tecnologia blockchain. Algumas das possibilidades atuais são:

  • Mandar dinheiro para qualquer lugar do mundo, sem restrições de horários e com tarifas baixas 24 horas por dia, 7 dias por semana;
  • Efetuar pagamentos em fluxos contínuos;
  • Operar com empréstimos, mesmo com “nome sujo”;
  • Novos produtos e serviços financeiros que eventualmente são atrelados ao mercado tradicional;
  • O DeFi democratiza o acesso financeiro, permitindo que qualquer pessoa com acesso à internet tenha acesso ao dinheiro;
  • As transações são registradas em blockchains públicas, o que garante maior segurança e transparência.

Muitos produtos financeiros regulados, a exemplo do Transfero App, foram diretamente inspirados por meio de iniciativas DeFi.

Como funciona o sistema DeFi?

O conceito evoluiu bastante com o advento da blockchain Ethereum, que pulverizou o conceito de smart contracts exponencialmente ao redor do mundo. O projeto reuniu um grande número de desenvolvedores de aplicações para esse ecossistema, trazendo à tona inúmeras iniciativas DeFi.

Um destes projetos são as exchanges descentralizadas (DEX), nas quais o usuário realiza operações de compra e venda de criptomoedas de maneira simplificada. Um exemplo é a MakerDAO e seu token nativo, DAI, uma stablecoin algorítmica que serve principalmente para empréstimos.

Por meio das aplicações descentralizadas (dApps), que são softwares que operam em cima de uma rede blockchain. Por meio deles, as transações comerciais P2P (peer-to-peer) são realizadas com poucos cliques e, geralmente, de maneira instantânea. A interface costuma ser bastante simples para otimizar a acessibilidade, independentemente do grau de conhecimento técnico dos usuários.

Outra característica importante é o fato de tais projetos serem de código aberto (open source). Ou seja, todos os seus protocolos e aplicativos são abertos para que os usuários possam não apenas utilizá-lo, mas também darem vida às suas próprias ideias.

Quais são as maiores plataformas de DeFi?

Com o crescimento do mercado DeFi, especialmente a partir de 2015 com o lançamento da rede Ethereum, existiam poucas plataformas em operação no setor. Mas com a popularização do universo cripto e novas soluções tecnológicas para negociações descentralizadas, o cenário tornou-se muito mais competitivo.

Existem diversas plataformas populares com investimentos na casa dos bilhões de dólares:

Uniswap

Integrante do grupo das exchanges descentralizadas, ela tem o Ethereum como base. Nela, as pessoas que buscam negociar tokens podem colaborar para um pool de liquidez e, consequentemente, são recompensadas com um pequeno percentual do valor em forma de juros. Assim, resolve-se a falta de liquidez que costuma acometer as DEX.

MakerDAO

A MakerDAO é uma das DEX mais populares do mercado. Ela alia empréstimos a uma stablecoin para facilitar os aportes feitos com cripto. Isso porque, como as criptomoedas tradicionais sofrem forte oscilação de preço, o valor final do crédito poderia ficar muito mais elevado que o original. Dessa forma, quem tem ETH pode travar parte destes ativos para gerar a stablecoin DAI e, com ela, realizar as operações de crédito.

Aave

Com a proposta de oferecer flash loans, a Aave permite pegar um empréstimo instantaneamente e sem a necessidade de garantias. O Aave disponibiliza, ainda, dois tipos de juros na tomada de crédito. Em um deles, as taxas são fixas e determinadas no momento da contratação. Nos empréstimos com taxas variáveis, os juros oscilam de acordo com as transações feitas pelo usuário (como depósitos, saques, liquidações etc.).

Curve Finance

Outra exchange descentralizada, a Curve Finance foca sua atuação na área de negociação de stablecoins. Além disso, é possível fornecer liquidez para a plataforma e ganhar uma porcentagem, proporcionando uma renda passiva muitas vezes interessante e estável.

Yearn Finance

Em agosto de 2020, a Yearn viu o valor de seu token disparar 700%. Seu token nativo, YFI, atingiu o valor de US$ 38 mil, batendo o recorde registrado pelo bitcoin em 2017, de US$ 20 mil. As inovações lançadas por Andre Cronje, desenvolvedor da empresa, são um destaque. Dentre os produtos da empresa estão seguros descentralizados e um “cofre” Ethereum que promete alta rentabilidade.

Synthetix

O Synthetix começou como uma stablecoin, mas expandiu e hoje oferece um protocolo que permite a negociação de derivativos. Seus usuários podem criar Synths, ativos “sintéticos” que acompanham o preço de ativos do mundo real. São exemplos de ativos do tipo na plataforma o sXAU (que acompanha o ouro) e os que acompanham moedas reais, como sUSD e sAUD.

Compound

Esta plataforma DeFi de empréstimo de criptomoedas funciona por meio do registro de smart contracts na blockchain do Ethereum. Nela, os usuários podem ganhar juros a partir de seus depósitos. Seu token de governança fez enorme sucesso já no seu lançamento.

Balancer

A exchange descentralizada Balancer é um protocolo de Automated Market-Maker (AMMs) de diversos tokens. Os AMMs são agentes automatizados controlados por algoritmos que definem as regras para as operações. Com o Balancer, é possível usar o sistema com dois ou mais tokens ao mesmo tempo.

RenVM

Criado pela Ren, ele é um protocolo aberto que faz uma espécie de ponte entre os diferentes criptoativos para que o usuário tenha acesso à liquidez. Segundo o Money Times, é possível usar o RenVM como um plugin em projetos DeFi, permitindo que os usuários depositem e saquem a versão Ren de diferentes criptoativos.

Sempre em evolução, o mercado DeFi ganha popularidade com os avanços tecnológicos e a maior familiaridade do público com o conceito de finanças descentralizadas. Não à toa, o setor já conta com bilhões de dólares investidos atualmente e a tendência é de crescimento nos próximos anos.

O post Guia sobre DeFi: como funciona o mercado de finanças descentralizadas? apareceu primeiro em PanoramaCrypto.

.

  • 13 de Novembro, 2024