Maturidade regulatória pode diminuir cryptopia
Das promessas de campanha até a alta do Bitcoin, os quatros meses de governo Trump provocaram não só uma “Cryptopia” no segmento, como também impactaram o setor globalmente. A expectativa que surge diante de um passado recente conturbado, com fintechs globais enfrentando dificuldades, pode caminhar para outros rumos à exemplo da América Latina.
Durante o painel do Web Summit Rio “Cryptopia”, o cofundador e CEO da Hashdex, Marcelo Sampaio, destacou o avanço do Brasil nas questões regulatórias do setor, o que o tornou atrativo e à frente de outras potências econômicas. No entanto, o executivo avaliou que a nova administração dos Estados Unidos e a “vocação adequada” que o país detém para investir em reguladores capazes de entender e formular regras pró-mercado serviram de exemplos para outros países.
Cenário regulatório americano
Como cofundadora da Tezos e única palestrante americana do painel, Kathleen Breitman abriu o debate com a perspectiva de que é preciso encontrar um ambiente mais balanceado e qualificado. A executiva aposta em um lugar que esteja situado entre as medidas agressivas do governo Biden contra a indústria cripto e a correção excessiva ou reação exagerada do governo atual em relação ao anterior.
“Com sorte, vai haver algo intermediário, onde exista um mercado para a qualidade, em vez dessa reação exacerbada à administração Biden”, destacou Kathleen.
Já Sampaio e o CEO do Mercado Bitcoin, Reinaldo Rabelo, acreditam que um grande trunfo para o setor é ter congressistas que realmente entendem o tópico e que são pró-cripto. Sampaio, inclusive, comentou que costuma dizer que “Washington era o pior lugar para se trabalhar cripto e depois do dia primeiro de janeiro parece ser o melhor”. Para ele, isso se dá devido há um movimento de alguns anos que consiste em educar os candidatos e elegê-los.
Outro aspecto levantado por Rabelo é a presença de agentes, tanto em órgãos reguladores quanto no congresso e governo, que já fazem parte da indústria. Ele considera que a atuação desses irá contribuir para o desenvolvimento dos EUA na questão e que as tomadas de decisões feitas lá irão impulsionar outros países.
Tecnologia serve um propósito
Sob um olhar mais amplo, a criptomoeda foi discutida como uma tecnologia de potencial transformador, com a aptidão de contribuir positivamente no cotidiano das pessoas e de criar valor para a sociedade. Para isso, Sampaio recomenda uma abordagem mais profunda, que busca enxergar a criptomoeda para além da precificação.
“Minha recomendação é: veja isso como um fenômeno. Não tente levar tudo isso muito a sério ainda. Tente entender para que isso pode ser útil para você no futuro”, aconselhou o CEO da Hashdex.
A partir da análise centrada na tecnologia, ele antevê a longevidade da operação, uma vez que “o que funciona é o que vai durar” e “cripto funciona porque cria valor para a sociedade”. Nesse tempo, a experimentação, a construção de uma infraestrutura robusta e as regulações terão tempo para se consolidar, assim como foi o processo de inteligência artificial.
Na mesma linha de raciocínio, os especialistas concordaram que as aplicações da tecnologia podem ser usadas para dimensionar coisas que antes não eram mensuradas e, portanto, assumir um novo papel.
Rabelo mencionou um estudo concluindo que as memecoins são uma maneira de monetizar a atenção. Por sua vez, Sampaio faz uma provocação para demonstrar as diversas possibilidades do universo: “imagine se tentasse colocar valor sobre o movimento hippie, teríamos uma precificação atual diferente das dos anos 70. O que eu quero dizer com esse exemplo é que temos uma série de experimentações quando temos esse novo formato”, concluiu.
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