Milei diz que haverá ‘competição livre de moedas’ na Argentina, dando espaço ao Bitcoin

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Na última quarta-feira (19), durante uma sessão de respostas a seguidores na plataforma X (ex-Twitter), o presidente da Argentina, Javier Milei, fez uma declaração que ecoou por toda a economia global.

Em resposta a uma frase postada por um seguidor, Milei confirmou sua posição a favor de uma economia aberta e flexível. Além disso, sinalizou a intenção do governo de adotar uma política de livre concorrência cambial, permitindo a coexistência de várias moedas, incluindo criptomoedas como Bitcoin.

A resposta de Milei foi recebida com entusiasmo por seus seguidores, que veem na adoção de múltiplas moedas uma forma de flexibilizar e dinamizar a economia argentina. A ideia é que empresas e indivíduos possam escolher a moeda que melhor atende às suas necessidades.

A posição do presidente, no entanto, gerou alguns questionamentos entre os usuários do X. O usuário Franco Amati, por exemplo, levantou uma questão crucial:

“Olá Javier! Observe isto, não podemos usar Bitcoin como moeda se os regulamentos nos pedirem para calcular ganhos de capital em cada transação”.

Amati destacou uma preocupação comum sobre as implicações fiscais do uso de criptomoedas, que podem complicar o cálculo de ganhos e perdas para cada transação realizada.

Outro usuário acrescentou à discussão a necessidade de considerar outras criptomoedas e stablecoins no marco regulatório argentino: “Esta é a chave, Javier! E o mesmo se aplica ao Ethereum e stablecoins como o USDT.”

Javier Milei e a economia liberal

As declarações de Milei chegam em um momento chave para as criptomoedas no mundo. Enquanto países de economias estáveis do norte global implementam regulamentações mais rígidas, as intenções de Milei parecem não seguir a tendência. Com uma inflação acumulada de 115% desde o início de seu mandato, as políticas monetárias tiveram poucas mudanças nos seis primeiros meses.

Uma das promessas de Milei era acabar com os “cepos” de dólar, vigentes desde o governo de seus opositores. Hoje, a Argentina conta com mais de 10 preços diferentes para a moeda e diversas restrições e impostos para o uso no mercado oficial. Essa realidade continua o mesmo, mas Milei segue com as promessas de abrir o mercado para negociação livre, como acontece hoje com o dólar blue, negociado no mercado paralelo.

Apesar disso, com a desregulação de alguns setores, como o mercado imobiliário, as moedas alternativas têm sido cada vez mais presentes no dia-a-dia dos hermanos. Desde dezembro de 2023, não é incomum ver contratos firmados em Bitcoin, stablecoins ou dólar (sempre na cotação do dólar paralelo).

Além disso, desde 2019 também é possível receber salário e pagamentos por serviços prestados legalmente em criptomoedas. No entanto, mesmo com o uso se tornando cada vez mais comum, a Argentina não conta com nenhuma lei de regulamentação de criptomoedas ainda.

Futuro das criptomoedas na Argentina

A implementação de uma política de livre concorrência cambial não será isenta de desafios. A principal preocupação é a volatilidade das criptomoedas. O valor do Bitcoin, por exemplo, pode variar drasticamente em curtos períodos de tempo, o que pode dificultar seu uso como uma moeda de troca estável.

Além disso, há questões regulatórias a serem resolvidas. Como destacado pelos seguidores de Milei, a tributação das transações em criptomoedas é um problema, já que o país ainda conta com altos impostos. Sem uma estrutura clara, empresas e indivíduos podem enfrentar dificuldades em aderir a um sistema de múltiplas moedas.

Outro ponto importante é a infraestrutura necessária para suportar o uso amplo de criptomoedas. Isso inclui não apenas tecnologia para transações seguras, mas também uma compreensão e aceitação por parte do público em geral.

De acordo com Julián Colombo, diretor-geral da Bitso, hoje 9 em cada 10 Argentinos nunca operaram com criptomoedas. Nesse sentido, a educação financeira será crucial para garantir que todos os argentinos possam navegar com confiança em um mercado onde várias moedas coexistem.

Se implementada com sucesso, a livre concorrência de moedas poderia transformar a Argentina em um líder global na adoção de tecnologias financeiras emergentes. No entanto, o caminho para essa transformação será complexo e exigirá um equilíbrio cuidadoso entre inovação e regulação.

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  • 1 de Julho, 2024