O que são criptomoedas e como funcionam seus mercados?

Share

As criptomoedas se tornaram populares ao redor do mundo, mas muitos ainda não compreendem seus objetivos e funcionalidades mais básicas. Para começar com o pé direito neste mercado, portanto, nada melhor do que partir do básico. Este é o objetivo deste artigo, que explica como as criptomoedas funcionam e de que maneira elas podem ser efetivamente utilizadas. 

Para quem já tem algum grau de familiaridade com o ecossistema blockchain – inclusive com aplicação de alguns aportes financeiros – este texto também visa esclarecer algumas dúvidas que permaneceram e podem acarretar em consequências indesejadas.

O que são criptomoedas, afinal?

 o que são criptomoedas

© – Shutterstock

São representações digitais de valor, desenvolvidas por meio da tecnologia blockchain. Diferentemente dos ativos emitidos e regulamentados por bancos centrais, as criptomoedas não necessariamente são emitidas por autoridades governamentais. Muitas delas, a exemplo do bitcoin, são executadas em redes descentralizadas e distribuídas:

  • Redes descentralizadas: Elas não têm um único ponto de controle. Em vez disso, o poder computacional é compartilhado entre vários participantes da rede. Quanto maior o número de usuários ativos, mais segura e rápida a rede será. Não é preciso solicitar licenças ou autorizações específicas de entidades governamentais para ingressar nessas redes;
  • Redes distribuídas: Todas as transações são registradas em blocos. O tamanho de cada bloco varia de acordo com o modelo desenvolvido pelos programadores. Esses dados ficam armazenados de maneira pulverizada entre os participantes da rede e cada dispositivo (também conhecido como “nó” ou “node”) possui uma cópia completa e atualizada dos dados, garantindo a sua integridade.

Quando uma transação é efetuada, um determinado número de nós de rede precisam validá-la para que seja concluída. Esse mecanismo de consenso pode variar de acordo com a tecnologia utilizada em cada blockchain. Conheça os principais:

Prova de Trabalho (Proof-of-Work)

Os mineradores utilizam dispositivos específicos para proporcionar poder computacional à rede, resolvendo cálculos matemáticos complexos, que criam novos blocos. O bitcoin, para ser minerado, exige equipamentos robustos e específicos para que a eficiência seja satisfatória, como as mineradoras ASIC (Application-Specific Integrated Circuit, ou Circuito Integrado Específico para Aplicações).

Este mecanismo de consenso é altamente seguro e resistente a ataques, mas costuma consumir grandes quantidades de energia. Além disso, a escalabilidade de redes PoW costuma ser menor que a de suas concorrentes.

Prova de Participação (Proof-of-Stake)

Validadores precisam reservar uma quantidade mínima de criptomoedas em uma carteira específica para validar transações. De maneira geral, os usuários com os maiores aportes financeiros costumam ter mais chances de serem escolhidos para validarem um bloco e, com isso, receberem recompensas. A rede Ethereum passou para o PoS em 2022, durante uma atualização conhecida como “The Merge”. 

O consumo de energia desse mecanismo é menor, apesar da sua escalabilidade maior. Isso é especialmente importante para que o mainstream seja capaz de utilizar a rede de maneira mais rápida. Entretanto, grandes detentores de moedas podem comprometer a descentralização da rede, dependendo da forma como o ecossistema está sendo construído.

Prova de Autoridade (Proof-of-Authority)

Esse mecanismo de consenso é restrito a entidades pré-aprovadas, como empresas e organizações de todos os tipos. Para ingressar, é necessário verificar identidade, antecedentes e reputação dentro da comunidade.

Os validadores aprovados podem adicionar novos blocos e autorizar transações. O processo costuma ser rigoroso e, em alguns casos, pode demorar algum tempo até ser concluído. Assim como o mecanismo anterior, ele é altamente escalável e energeticamente sustentável. Por outro lado, ele é totalmente centralizado e o seu mecanismo de governança deve ser muito bem construído, uma vez que a entrada e saída de participantes pode ser algo complexo e passível de debates.

As principais vantagens das criptomoedas

Imagem gerada por Inteligência Artificial

Há muitos benefícios ao incluir ativos digitais no portfólio de investimentos e listamos os oito principais deles:

  1. As criptomoedas mais populares têm mostrado grande potencial deflacionário, com potencial de alto retorno no longo prazo;
  2. Mecanismos anti-censura garantem a integridade das aplicações dos usuários;
  3. Muitas criptomoedas são extremamente rápidas e cobram taxas baixas de rede para a realização de transferências, facilitando a conversão monetária;
  4. São acessíveis globalmente e operam 24/7, incluindo feriados e finais de semana;
  5. Protegem os investidores contra os males da inflação, sobretudo em períodos de recessão financeira;
  6. Pessoas não bancarizadas podem fazer parte do mercado financeiro;
  7. Diversificação da carteira para uma melhor performance, sobretudo nos médio e longo prazos;
  8. Podem ser utilizadas por empresas para pagamentos internacionais, financiamento coletivo, gerenciamento de identidade, entre outros.

Boa parte da evolução tecnológica presente nos bancos e instituições tradicionais, como o Drex e o Pix, foi inspirada no universo blockchain. Investir em criptomoedas, portanto, significa estar na vanguarda desse processo de mudança que vem se intensificando ao redor do mundo.

Ter ou operar criptomoedas é ilegal?

A resposta para esta pergunta vai depender do cenário regulatório de cada país. Argélia, Iraque, Marrocos, Qatar e Tunísia proíbem qualquer tipo de posse ou utilização de criptomoedas, por exemplo, enquanto a China, Bangladesh, Egito e Nepal impuseram restrições severas à sua utilização.

Entretanto, os ativos digitais costumam ser permitidos em grande parte do mundo e as autoridades estão unindo forças para construir regulamentações compartilhadas, buscando um cenário de interoperabilidade jurídica favorável à inovação e ao crescimento da nova economia.

Brasileiros podem operar criptomoedas, desde que sejam declaradas como bens no Imposto de Renda Pessoa Física ou Jurídica. No Rio de Janeiro, pode-se pagar determinados impostos com bitcoin e, com isso, conseguir um desconto significativo nos valores finais dos tributos, por exemplo.

Criptomoedas foram feitas para cometer crimes?

Governos estão trabalhando ativamente para monitorar e detectar movimentações financeiras potencialmente perigosas, oriundas de crimes como evasão de divisas, lavagem de dinheiro e financiamento terrorista. Entretanto, poucas são as criptomoedas criadas e controladas, de fato, por golpistas.

BitConnect, PlusToken e OneCoin são alguns exemplos de ativos digitais criados por maus atores e que causaram prejuízos significativos aos investidores. Além disso, oportunistas fazem uso da imagem de celebridades, como Bill Gates, Elon Musk e Mark Zuckerberg para emitir tokens supostamente vinculados a elas.

Promessas de ganhos rápidos e muito acima da média costumam estar ligadas a golpes. Por esse motivo, é de extrema importância consultar o histórico de qualquer projeto antes de realizar aportes. Usuários iniciantes podem começar por ativos populares, como BTC, ETH, XRP, SOL, BNB, ADA, entre outros listados em plataformas confiáveis, como o CoinMarketCap.

Privacidade e anonimato: diferenças essenciais

Embora pareçam sinônimos, os dois conceitos precisam ser entendidos de maneira clara e objetiva para evitar confusões:

  • Privacidade: refere-se à capacidade de a rede proteger informações pessoais identificáveis (PII) de seus usuários. Com isso, cibercriminosos não serão capazes de associar os dados às transações e demais atividades dentro da rede;
  • Anonimato: toda a identidade do usuário é oculta, o que torna praticamente impossível identificar alguém e rastrear as suas atividades. Esse tipo de recurso é particularmente importante dentro de ambientes onde o nível de vigilância é elevado. A criptomoeda Monero (XMR) é uma das mais antigas do mundo e se destaca por proporcionar transações anônimas.

Bancos e demais instituições tradicionais estão atualizando os seus sistemas internos por meio de soluções blockchain. Isso faz com que a privacidade das informações pessoais dos clientes seja mantida com mais segurança do que antes. No entanto, a utilização da blockchain não está, necessariamente, atrelada ao anonimato, uma vez que essas empresas precisam cruzar informações com o governo para garantir a integridade do sistema financeiro nacional.

Um passo importante para a inclusão financeira

Com uma liquidez trilionária e milhares de projetos em funcionamento, as criptomoedas vieram para revolucionar o sistema financeiro, trazendo consigo o novo dinheiro a todas as camadas sociais. Entidades reguladoras reconhecem a importância e a inovação trazidas por essa tendência e, por conta disso, ambos os universos estão cada vez mais interligados.

Realizar o pagamento em supermercados, padarias e outros estabelecimentos comerciais já é possível tanto em moeda fiduciária quanto em ativos digitais descentralizados, pois plataformas como o Transfero Checkout tornam isso possível sem complexidades técnicas. A intenção é tornar a experiência do usuário a mais amigável possível, independentemente do tipo de dinheiro utilizado.

Investir em ativos digitais, portanto, é uma maneira de colaborar com este cenário dinâmico e otimista que está sendo construído. Existem inúmeros projetos descentralizados e distribuídos que podem ser potencialmente benéficos, mas antes de realizar qualquer depósito, é importante dedicar alguns minutos do dia para analisar as opções.

O post O que são criptomoedas e como funcionam seus mercados? apareceu primeiro em PanoramaCrypto.

.

  • 30 de Dezembro, 2024