Pix ou cripto: por que não ambos?
O sistema bancário brasileiro é mundialmente reconhecido pela robustez e segurança e, assim como outros mercados, busca se tornar mais ágil e escalável. Nesse aspecto, tanto o Pix quanto as criptomoedas vêm revolucionando a maneira como o dinheiro circula digitalmente e, embora distintos, o pix ou cripto têm o propósito central de proporcionar operações de pagamento aos usuários mais ágeis, seguras e escaláveis, democratizando o acesso ao novo dinheiro.
Um breve resumo sobre o Pix
O Pix é um sistema de pagamentos criado pelo Banco Central do Brasil (BCB). O processo de criação foi iniciado em 2018 e seu lançamento foi feito em 16 de novembro de 2020, com as principais características de:
- Transações instantâneas: movimentações financeiras podem ser feitas 24/7, incluindo feriados, geralmente concluídas em menos de 10 segundos;
- Facilidade de uso: bancos e demais instituições financeiras integraram o sistema aos seus aplicativos, permitindo transferências em poucos instantes;
- Redução de custos: enquanto as transferências são gratuitas entre pessoas físicas, empresas costumam pagar taxas inferiores às praticadas por métodos tradicionais.
O sistema utilizado pelo Pix é o Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI), desenvolvido e controlado diretamente pelo BCB. Todo o funcionamento é condicionado às normas e regras das autoridades econômicas nacionais.
Criptomoedas como meio de pagamento
Já as criptomoedas são ativos digitais que podem ser essencialmente descentralizados ou não, permitindo adquirir ou oferecer produtos e serviços em qualquer lugar do mundo.
Esses são os maiores benefícios de utilizar moedas virtuais como meio de pagamento:
- Transparência: grande parte das criptomoedas são executadas em blockchains, o que permite o monitoramento contínuo e em tempo real das movimentações;
- Segurança: a tecnologia blockchain é mundialmente conhecida por sua resistência a ataques cibernéticos e, por esse motivo, sistemas bancários estão sendo atualizados para utilizá-la;
- Acessibilidade global: não é necessário realizar conversões manuais de moeda para realizar certas transações, embora plataformas intermediárias de pagamento, como o Transfero Checkout, são capazes de fazê-lo, caso necessário.
Com uma capitalização de mercado de quase US$ 3 trilhões (dados do CoinMarketCap), as criptomoedas estão se tornando cada vez mais populares no mainstream, sobretudo entre o público mais jovem, mais íntimo às tecnologias emergentes.
A planilha abaixo contém um resumo sobre os fundamentos por trás de cada tecnologia:
Característica | Pix | Criptomoedas |
Instituição Central | Banco Central do Brasil (BCB) | Essencialmente descentralizadas (algumas podem ter algum nível de controle) |
Lançamento | 16 de novembro de 2020 | Variável, primeira foi o Bitcoin em 2009 |
Transações | Instantâneas (geralmente < 10 segundos), 24/7, incluindo feriados | Variável dependendo da criptomoeda e da rede |
Facilidade de Uso | Integrado aos aplicativos de bancos e outras instituições financeiras | Pode variar dependendo da criptomoeda e da plataforma utilizada |
Custos | Gratuito para pessoas físicas, taxas menores para empresas | Podem envolver taxas de transação (taxas de rede ou de plataformas) |
Sistema Operacional | Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI), controlado pelo BCB | Tecnologia Blockchain (majoritariamente) |
Regulamentação | Condicionado às normas e regras das autoridades econômicas nacionais | Varia significativamente entre países, geralmente menos regulamentadas |
Transparência | Não explicitamente mencionada no texto | Movimentações em blockchains são monitoráveis em tempo real |
Segurança | Não explicitamente detalhada no texto, mas subentende-se alta pelo controle do BCB | Tecnologia blockchain conhecida pela resistência a ataques cibernéticos |
Acessibilidade Global | Principalmente dentro do Brasil | Potencialmente global, sem necessidade de conversões manuais (com ressalvas) |
Popularidade | Ampla adoção no Brasil | Crescente, especialmente entre o público mais jovem |
“As criptomoedas estão muito estigmatizadas como um meio de investimento. Nós entendemos que, como meio de pagamento, elas se tornariam realidade”, comentou Vitor Hugo Monteiro, Head of Digital da rede de supermercados Zona Sul. A fala foi realizada durante palestra ao Websummit Rio 2025.
“Além do mais, é uma maneira de os turistas não ficarem presos à moeda local”, acrescentou. Isso porque não é mais necessário usar cartões de crédito ou trocar quantias em casas de câmbio para efetuar transações. Em vez disso, basta acessar a carteira digital, ler o QR Code e escolher a rede de preferência para fazer o pagamento.
A economia global abraça a blockchain
Juliana Schlesinger, CRO da Transfero, comentou durante palestra que “é perceptível um movimento de colocar todo o mercado de capitais em blockchain”. Isso ocorre porque, dada a escalabilidade, eficiência e segurança desses ecossistemas, as finanças globais poderão tirar proveito para ampliar a acessibilidade, reduzir custos e aumentar a eficiência.
A interoperabilidade jurídica também foi abordada como um ponto importante no desenvolvimento da nova economia. Quando nações que negociam entre si compartilham das mesmas visões estratégicas regulatórias, a construção de um arcabouço legal sustentável e integrado se aproxima cada vez mais da vida das pessoas.
Trata-se de uma forma de tornar todas as empresas globais de maneira rápida, fácil e legalmente regular”, disse.
Pix ou cripto? A resposta é ambos
Ainda que o conceito do Pix e das criptomoedas sejam diferentes, o objetivo de simplificar a vida financeira é compartilhado entre ambos. Por exemplo, regiões desbancarizadas podem fazer uso dos ativos virtuais para transacionar livremente, sem a necessidade de passar pela burocracia de abrir uma conta no banco.
Da mesma forma, turistas podem usar as criptomoedas para fugir das casas de câmbio, reduzir custos de viagem e realizar compras mais facilmente. Remessas internacionais podem ser executadas em poucos segundos, com taxas normalmente muito baixas.
Já o Pix torna as movimentações em reais mais rápidas e descomplicadas. Por esse motivo, mecanismos obsoletos foram descontinuados: o DOC foi encerrado em 15 de janeiro de 2024, enquanto o TED foi parado em 29 de fevereiro do mesmo ano.
É seguro afirmar que o Pix teve grande inspiração nos modelos econômicos descentralizados e distribuídos, só que integrados ao sistema financeiro nacional de maneira orgânica. O Drex (Real Digital) é uma extensão ainda mais ambiciosa, pois a sua infraestrutura blockchain permitirá a integração direta com plataformas cripto, inclusive relacionadas às finanças descentralizadas (DeFi).
Assim como um Pix pode ser realizado para pagar um cafezinho, criptomoedas podem ser utilizadas para fazer compras no supermercado (a exemplo do que o Zona Sul realiza atualmente), agendar voos e hospedagens, entre tantas outras coisas que fazem parte do cotidiano. De modo geral, portanto: o formato muda, mas a funcionalidade é a mesma, integrando e democratizando a economia.
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