Por que o RJ decidiu receber IPTU através de criptomoedas? Qual é a tendência das outras regiões?

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Por que o RJ decidiu receber IPTU através de criptomoedas? Qual é a tendência das outras regiões?

A Prefeitura do Rio de Janeiro autorizou o credenciamento de empresas que utilizarão criptomoedas para realizar operações de pagamento do IPTU 2023. Segundo a administração municipal, o Rio passa a ser a primeira cidade do Brasil a oferecer aos contribuintes este meio de pagamento de um tributo, que não será limitado apenas a uma moeda digital. O decreto, publicado no dia 11.10 no Diário Oficial do Município, indica que a prefeitura vai contratar empresas especializadas em realizar a conversão dos ativos cripto em reais. Com a medida, o município receberá 100% do valor na moeda corrente, sem nenhum custo adicional para a capital.

Por que o Rio de Janeiro adotou essa prática? Em primeiro lugar, vale ressaltar que foi uma atitude excelente da prefeitura do RJ, que teve como referência Miami, que decidiu dar atenção a este setor da economia que tende a crescer e muito pelos próximos anos. O Rio é uma cidade de praia, e foi numa praia de surfistas que foi criado o primeiro projeto de comunidade com economia baseada em Bitcoin, a Bitcoin Beach, em El Salvador. A América Latina, de forma geral, tem sinalizado positivamente às criptomoedas. Portanto, já tendo essa referência e entendendo que o mercado de cripto vem crescendo cada vez mais, o Rio entendeu que essa alternativa deveria chegar em algum momento.

Outras cidades, inevitavelmente, devem tomar o mesmo rumo. A criação de novas moedas e tokens vai longe. A somatória das novas tecnologias de blockchain e o aumento da cyber segurança –  o que permite com que qualquer um crie um dinheiro confiável e livre de hacks – vai dar muita chance para o avanço da economia alternativa e melhorar muito a situação econômica de todo o planeta. Por isso, a invenção do Bitcoin e tecnologias derivadas dele vêm chamando tanta atenção nos últimos 10 anos e é realmente algo com forte potencial global. Algo fantástico.

Conforme os mercados vão ficando cada vez mais dinâmicos, em grande parte devido ao avanço tecnológico, é possível vender uma infinidade de coisas pela internet, como software, fotos, projetos e serviços de diversas naturezas, aulas, cursos e conteúdo íntimo, tudo isso sem importar onde as pessoas estão. Não importa se uma está na Indonésia, e a outra na Nigéria ou na Turquia. Se a pessoa quer comprar seu produto, conseguiu entrar em contato com você e esse produto pode ser vendido pela internet, o produto ou serviço será entregue e o pagamento será feito através da moeda que for mais eficiente para acertar a transação.

O que isso muda na população em geral? Todo um conceito de trabalho que temos nos dias de hoje. Muitas pessoas já trabalham pela internet, tentando ser mais informais, terem flexibilidade e, consequentemente, mais qualidade de vida. E este novo método de trabalho vem crescendo. A vontade mais prevalente na nossa sociedade hoje é a de não ter mais que trabalhar. Mais que a de ter muito dinheiro. E o mais próximo disso é poder trabalhar de casa, sem ter de passar por processos seletivos – muitas vezes constrangedores – e tendo a soberania do próprio horário e do código de vestimenta. Logo, é na internet que as pessoas, sobretudo as mais jovens, que estão ingressando no mercado de trabalho agora e já projetando um futuro, devem optar e se qualificar para as novas modalidades de trabalho alavancadas pela rede mundial de computadores e suas novas tecnologias.

As criptomoedas são a graxa dessa nova engrenagem, ou seja, um fluido que permite com que o método aconteça naturalmente. Por exemplo, eu vendo um software pela internet, a pessoa me paga pela internet,  na internet tudo ocorre e se resolve. É rápido, prático, seguro e sem burocracia. As pessoas só precisam perder o medo e adquirir certas habilidades para realizarem essas transações pela internet, como aconteceu com o e-commerce e o uso de cartões de créditos online. Acostumar-se com a autogestão que o trabalho doméstico precisa também é fator chave para a participação neste novo mundo. É este tipo de influência que se espera que a adoção e aceitação de governos e autarquias tragam para as populações do Rio e de outras cidades amigáveis às cripto.

*Fabiano Dias é Diretor de Negócios Internacionais pela Bitwage, uma das pioneiras e líder do setor de criptomoedas. Trabalha com criptomoedas desde 2015 e já foi conferencista e participante dos principais eventos ao redor do Globo, com Bitconf BR, Labitconf, Decentralizar, Bitcoin & Blockchain Prague e Viva Tech Paris.

Aviso: O texto apresentado nesta coluna não reflete necessariamente a opinião do CriptoFácil.

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  • 12 de Novembro, 2022