Regina Pedroso, da ABToken, traça perspectivas para o mercado cripto no Brasil

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Uma consultoria feita pela Triple-A revelou que o Brasil é o sexto maior país em adoção de criptomoedas, com 17,5% de sua população engajada no novo dinheiro. Além do potencial de retorno no longo prazo, a liquidez crescente e a liberdade de escolha atraem os usuários, expandindo as possibilidades de negócios em escala global.

Aceitar ativos digitais como meio de pagamento pode ser uma maneira eficaz de resistir à desvalorização do real, moeda que registrou maior queda entre os membros do G20, segundo a Istoé. Ainda que esteja em período de correção, tanto o bitcoin (BTC) como os maiores criptoativos têm apresentado comportamento deflacionário ao longo dos anos. 

O PanoramaCrypto conversou com a diretora da Associação Brasileira de Empresas Tokenizadoras e Blockchain (ABToken), Regina Pedroso, a respeito do crescimento do mercado cripto no Brasil, trazendo detalhes sobre o desenvolvimento em sua demanda por negócios de todos os portes.

A contribuição da ABToken para o ecossistema

“Organizamos diversos grupos de trabalho temáticos liderados por especialistas de mercado e empresas do setor, com a colaboração de  importantes escritórios de advocacia, como Pinheiro Neto, Veirano e B/Luz na condução de estudos jurídicos”, explicou Regina. Garantir a segurança jurídica de todas as partes é um dos passos mais importantes para a execução de negócios, segundo ela.

Desta forma, os órgãos reguladores se aproximam cada vez mais das empresas e compreendem melhor as suas necessidades, fazendo com que a legislação seja construída de maneira mais ordenada e alinhada com os anseios da sociedade. “Envolvemos sempre as empresas, pois elas sabem o dia a dia, os entraves e meios de operação e, juntos, conseguimos fazer melhores propostas de regulamentação”, disse.

Para desenvolver a interlocução, a ABToken mantém contato constante com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Banco Central do Brasil (BCB) e a Receita Federal, principais autarquias financeiras do país.

Educação financeira também faz parte do cronograma da organização. Informações sobre como investir, operar e escolher o método de custódia ideal são questões decisivas para otimizar os resultados financeiros e garantir a estabilidade econômica nacional. “As oportunidades são muitas e valem a pena, mas é preciso entender os mecanismos e particularidades deste novo e promissor mercado”, acrescentou. 

Oportunidades abertas a todos

Segundo Regina, a ABToken tem amparado empresas de diversos portes e segmentos, interessadas em ingressar em tokenização e uso da tecnologia blockchain como infraestrutura. As prestadoras de serviços digitais (PSAVs) também procuram orientações para alinhar os seus interesses às boas práticas de mercado.

“Consideramos a diversidade e a troca de experiências entre diversas empresas importantes. Desde empresas ligadas ao mercado agro, imobiliário, provedores de tecnologia e empresas do mercado financeiro, são todos bem-vindos”, convida a diretora da associação.

Mesmo microempresas, como bares, restaurantes e comércios varejistas podem aceitar criptomoedas e trabalhar com assets, como tokens não fungíveis (NFTs), para melhorar seus resultados. O investimento inicial pode ser relativamente baixo, desde que desenvolvedores experientes sejam escalados para a tarefa.

Além do mais, iniciativas publicitárias podem ser desenvolvidas com maior precisão. Por exemplo, a tokenização permite a coleta de dados mais específicos dos clientes, permitindo o desenvolvimento de promoções feitas sob medida aos compradores mais fiéis. Por outro lado, as criptomoedas permitem fechar negócio com pessoas em todo o mundo, sem a necessidade de realizar conversões manuais complicadas.

As três principais tendências do futuro

Perguntada sobre o futuro das criptomoedas no Brasil, Regina levantou três dos principais pontos, segundo sua experiência:

  • Stablecoins: estes ativos digitais deverão ser utilizados massivamente em transações financeiras globais. O mercado de câmbio deverá adotá-las agressivamente, tendo em vista a sua natureza ágil, segura, transparente e estável;
  • Tokenização de ativos financeiros: em breve, a Norma CVM 88 (que dispõe sobre a oferta pública de distribuição de valores mobiliários por empresas de pequeno porte) deverá ser ampliada, permitindo que novos players se envolvam com maior facilidade no mercado cripto;
  • Tokenização RWA: tanto o mercado imobiliário quanto o agronegócio devem se expandir, utilizando a tokenização para aumento de crédito e maior movimentação financeira dos ativos. Contudo, algumas barreiras regulatórias devem ser superadas para a viabilização de novos modelos de negócios.

Assim como o mercado financeiro tradicional evolui, o mesmo não poderia deixar de ocorrer com o universo financeiro blockchain. Ativos descentralizados e distribuídos estão cada vez mais próximos do mainstream, o que amplia o leque de opções tanto para consumidores quanto para empresários que desejam expandir seus horizontes.

As perspectivas para o mercado cripto no Brasil apontam para uma expansão contínua, com a tokenização de ativos financeiros e reais ganhando destaque. A adaptação da regulamentação, como a ampliação da Norma CVM 88, deve ajudar a desbloquear o potencial de crescimento e atrair novos participantes. 

Embora desafios regulatórios ainda precisem ser superados, a colaboração entre o setor privado, representado por associações como a ABToken, e os órgãos governamentais, sinaliza um caminho para um ecossistema cripto mais robusto e integrado à economia global.

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  • 22 de Abril, 2025