Reserva de bitcoin nos EUA acende debate global sobre rumo das criptomoedas
No painel “The Changing Face of Crypto”, realizado durante o Websummit Rio 2025, especialistas do setor de criptomoedas analisaram os rumos dos ativos digitais diante do novo ciclo de valorização do bitcoin (BTC). O ponto de partida para a discussão está na assinatura de ordem executiva de Trump para uma reserva estratégica de bitcoin, que, no entanto, encontra em mais de cinco estados americanos uma recusa em investir em ativos digitais.
Enquanto o cofundador e presidente da Bitso, Daniel Vogel, acredita que a estratégia do governo seja um marco para a indústria, no sentido de indicar uma evolução rumo à adoção em massa e ao reconhecimento geral das criptomoedas, a cofundadora da Tezos (XTZ), Kathleen Breitman, enxerga como uma forma de reparação ao governo anterior e um aceno em direção ao setor.
EUA pode influenciar adoção em outros países
O painel também tratou se a movimentação dos EUA é capaz de desencadear um efeito dominó em outras nações. A conclusão é que a discussão sobre a criação de reservas já existe, ainda que em diferentes níveis.
Kathleen disse que, durante a conferência Token2049, realizada em Dubai ao mesmo tempo em que acontecia o Websummit, o CEO da Binance, Changpeng Zhao, assessorava países não-americanos a como criar suas próprias reservas.
Ao passo que a Europa adota uma postura mais cautelosa, sem demonstrar tanto entusiasmo com a ideia, países como o Brasil já demonstram interesse. No Congresso brasileiro, segundo Vogel, existe um projeto embrionário que propõe discutir a criação de uma reserva nacional de bitcoin.
“Atuamos em vários países da América Latina, falamos com diversos formuladores de políticas públicas e o interesse existe. É difícil ignorar. Veremos nos próximos anos se isso foi apenas um acaso ou se veio para ficar e se espalhar”, comentou o executivo da Bitso.
Vogel apontou também que observa uma mudança em relação ao cripto por parte de bancos e reguladores no México. Ele acredita que isso se deve, em parte, à dependência existente para com os EUA.
Fatores como a aprovação do Exchange-Traded Fund (ETF) de bitcoin, mudanças na liderança da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC), que arquivou vários processos contra empresas americanas e projetos cripto; e discussões sobre o Stablecoin Act, o Genius Act e outras políticas que podem beneficiar o ecossistema mais amplo fortalecem e tornam o segmento no país ainda mais promissor.
Dessa forma, o progresso na reserva e o desenvolvimento do mercado podem levar a uma influência ainda maior dos norte-americanos nas demais economias.
Crescimento de uma tecnologia útil e acessível
A trajetória do bitcoin, de experimento criptográfico para ativo financeiro aceito por empresas, governos e investidores institucionais também foi abordada a fim de explicar como uma “hiperbitcoinização” deve ser encarada como parte do crescimento do segmento. Se antes o discurso era: “talvez valha a pena comprar um pouco, caso pegue”, agora o mercado vê a BlackRock vendendo contratos futuros de BTC para seus clientes.
A discussão revelou ainda um dilema interno sobre se a institucionalização é positiva ou não. Apesar das reservas de parte da comunidade, o consenso foi de que o envolvimento de grandes gestoras e bancos apenas fortalece o objetivo do movimento cripto em democratizar as finanças reduzindo barreiras de entrada.
“A natureza da descentralização é que qualquer um pode participar. Observamos isso desde os primeiros usuários até empresas públicas e, agora, os maiores gestores de patrimônio do mundo. É a evolução natural de uma tecnologia útil e acessível”, concluiu Vogel.
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