Stablecoins: pagamentos (realmente) sem fronteiras
Durante décadas, transferências bancárias internacionais eram marcadas por problemas sistêmicos, lentidão e taxas elevadas. Por isso, para valer a pena, era necessário enviar grandes quantias em dinheiro. Hoje, as stablecoins estão mudando esse cenário.
Por meio desses ativos virtuais, a necessidade de bancos correspondentes foi reduzida, ou mesmo anulada em alguns casos. Da mesma forma, as taxas de câmbio deixaram de ser uma preocupação aos viajantes, incluindo as “taxas ocultas”, que eram cobradas sem transparência para o consumidor.
A evolução até as stablecoins, contudo, teve um legado.
Rede SWIFT: segura, mas lenta e pouco escalável
Começando pela Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication (SWIFT), fundada em 1973 e presente na maior parte do mundo como uma rede segura para a intercomunicação entre instituições financeiras de todo o mundo.
De maneira resumida, trata-se de um sistema de mensagens padronizado. Por exemplo, quando um banco precisa enviar dinheiro para outro país, a rede SWIFT envia todas as informações necessárias ao destinatário para que a transação seja efetuada.
Todas as instituições são registradas por meio de um código único, conhecido como Bank Identifier Code (BIC). Cada código contém entre 8 e 11 caracteres.
Apesar de a infraestrutura ser bastante segura, o SWIFT tem várias limitações técnicas:
- A rede é bastante lenta, levando de um a até cinco dias úteis – em alguns casos até semanas – para concluir uma transação;
- Várias taxas podem ser incorporadas ao longo do percurso, como taxas de câmbio e outras cobradas pelos remetentes, intermediários e destinatários;
- Diferenças entre fusos horários podem fazer com que as movimentações demorem ainda mais do que o previsto, devido aos horários de operação restritos;
- Por conta da ineficiência sistêmica, a comunicação entre as instituições financeiras é lenta.
Vários países desenvolvidos ainda fazem uso extensivo do SWIFT para processar pagamentos internacionais, mas a tecnologia blockchain vem ganhando espaço porque tem o que é preciso para resolver esses problemas listados.
Como as stablecoins entram na equação?
Geralmente criadas e executadas em blockchain, as stablecoins são representações digitais de ativos financeiros consolidados, como o real brasileiro, o dólar americano e o euro. Em outras palavras, é uma maneira de movimentar papel-moeda através de dispositivos online, como smartphones, computadores e terminais de autoatendimento.
Dependendo da rede selecionada, transferências podem ser executadas em poucos minutos ou mesmo em segundos. O valor das taxas pode variar de acordo com o ecossistema. Por exemplo: a rede do bitcoin (BTC) tende a cobrar taxas mais altas quando está sobrecarregada, enquanto outros ativos mais ágeis tendem a aplicar taxas mais acessíveis e movimentar fundos mais rapidamente (especialmente as redes Proof-of-Stake).
Independentemente de questões como feriados ou fusos-horários, as stablecoins permitem o envio de valores de uma ponta para outra a qualquer momento
Barbara Schorchit, Senior Product Manager da MetaMask, uma das carteiras digitais mais populares da atualidade, comentou que “uma das ambições do mercado é fazer com que os usuários usem stablecoins sem perceber que as estão utilizando”. A declaração foi feita no Websummit Rio 2025, durante diálogo com o público ao lado de outros speakers com os quais dividiu o palco em palestra.
A afirmação dela se dá por conta de tecnologias que, de certa forma, já fazem isso, ainda que sob outra estrutura, como cartões de crédito ou o Pix. Elas não movimentam dinheiro em si, mas simplificam o processo de pagamento e permitem a fácil integração em pontos de venda (PDVs), e-commerces, entre outros.
Pagamentos realmente sem fronteiras
Embora o Pix seja uma excelente solução para os usuários brasileiros, ele se resume a transferências nacionais. O mesmo vale para a maior parte dos ativos digitais emitidos por bancos centrais (CBDCs), cujas representações digitais são limitadas a clientes nativos ou a membros de determinados blocos econômicos. Em contrapartida, as stablecoins extrapolam (positivamente) essas barreiras.
Assim como o BRZ permite converter saldos em criptomoedas em uma stablecoin atrelada ao Real Brasileiro, o USDC (Circle) é amplamente utilizado por exchanges nacionais e centralizadas para facilitar as negociações de compra e venda de criptomoedas.
“É possível usar as stablecoins para fugir dos efeitos da inflação. Trata-se, portanto, de um dos melhores meios para converter ativos sem a burocracia do passado”, disse. “Afinal, a conversão de moeda é feita de maneira mais rápida e simples, sem a necessidade de consultar casas de câmbio tradicionais para proteger o patrimônio”, completou.
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