Stablecoins se tornam estratégia de proteção contra riscos globais

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Como criptomoedas pareadas a outros ativos ganham espaço como reserva de valor em tempos de incerteza econômica e geopolítica

Disputas entre diferentes países sobre tarifas, conflitos armados ou decisões governamentais têm colocado em xeque a integridade financeira e a proteção do patrimônio. Nessa conjuntura, as stablecoins têm sido utilizadas como forma de reduzir os impactos geopolíticos sobre o poder de compra

Diferentemente do papel-moeda tradicional, as stablecoins oferecem maior liberdade ao usuário, que pode escolher o método mais adequado para realizar pagamentos e receber transferências em qualquer lugar do mundo.

Stablecoins: autonomia financeira e descentralização

Um artigo da Galaxy Asset Management ressaltou alguns pontos centrais que impulsionam a adoção global de criptoativos – inclusive das stabelcoins:

Recessão à vista nos EUA

Um deles é a One Big Beautiful Bill Act, lei norte-americana que inclui a expiração de incentivos fiscais. Embora não disponha diretamente sobre ativos digitais, as suas implicações práticas podem ter efeitos indiretos significativos no setor.

A lei prevê o aumento da dívida pública dos Estados Unidos, o que pode levar a uma maior impressão de dólares para financiar esses gastos. Historicamente, tanto o bitcoin (BTC) quanto as criptomoedas mais consolidadas tendem a se valorizar quando as moedas fiduciárias enfrentam desvalorização – e esse impacto tende a ser ainda mais significativo quando se trata do dólar americano.

Stablecoins atreladas a outras moedas nacionais, assim como stablecoins algorítmicas, podem ser impulsionadas ao longo desse processo. Mesmo países em desenvolvimento podem buscar alguma espécie de protagonismo nesse cenário.

Conflito Israel x Irã

Mercados de risco têm sofrido por causa da guerra que se instalou no Oriente Médio. De acordo com o artigo da Galaxy, mesmo com as tensões, o BTC manteve estabilidade por conta de um forte suporte institucional.

O Irã, por exemplo, utiliza mineração de criptomoedas como alternativa econômica em meio a sanções internacionais, visto que a energia elétrica é barata no país. O papel dos ativos virtuais em seu sistema financeiro têm sido levados em consideração. Em contextos de conflito, a descentralização dos criptoativos pode oferecer sustentabilidade ao ecossistema econômico por um maior período de tempo. 

Tesouraria corporativa

O número de empresas que adotam criptomoedas em suas tesourarias quase dobrou em junho, com compras de bitcoin superando as entradas líquidas em ETFs (contratos de futuros negociados em Bolsa). O processo de diversificação dos portfólios avança, mesmo que BTC e ETH ainda estejam na liderança.

Embora grande parte das stablecoins sejam pareadas em moedas fiduciárias, parte dos fundos em criptomoedas também pode ser utilizado como colateral. Contudo, essa aplicabilidade vai depender da forma como cada uma delas foi tecnologicamente concebida.

Aumento da demanda por stablecoins

A estreia pública da Circle e a aprovação da lei GENIUS Act nos EUA fez com que a presença desses ativos digitais aumentasse. Empresas como Walmart e Target estudam lançar suas próprias moedas digitais.

A Mastercard recentemente anunciou parceria com a Chainlink, conhecida por suas capacidades de interoperabilidade entre diferentes ecossistemas blockchain. Isso permitirá às empresas conectarem seus respectivos ativos à bandeira, abrindo um leque maior de opções aos consumidores finais.

Plataformas intermediárias de pagamentos também facilitam esse processo. No Brasil, é possível fazer compras com criptomoedas na rede de supermercados Zona Sul: o Transfero Checkout foi integrado à unidade localizada na Rua Barão da Torre, em Ipanema, e deverá fazer parte de outras lojas nos próximos anos.

Autonomia financeira

USDT e USDC ainda são as stablecoins mais utilizadas em todo o mundo. Embora uma parcela significativa das transações ainda ocorra em exchanges ou em plataformas financeiras ligadas à Web 3.0, empresas – especialmente as de grande porte – já visam a adoção desses ativos sob uma perspectiva mainstream, integrada ao mercado tradicional. 

Além de servir como um meio diversificado de pagamento, elas também podem ser utilizadas como reserva de valor. Comprar e armazenar ativos digitais tende a ser mais barato e menos burocrático, sem a necessidade de comparecer a casas de câmbio ou realizar registros muitas vezes demorados e complexos em bancos e outras instituições financeiras.

Processos de autocustódia dos fundos também são benéficos para se proteger contra riscos globais. Episódios como o confisco da poupança nos anos 1990, no Brasil, reforçam a importância dessa autonomia.

Para quem busca estabilidade em meio às turbulências econômicas, as stablecoins surgem como uma alternativa viável. Sem a volatilidade das criptomoedas tradicionais, esses ativos ganham espaço como meio de pagamento, ferramenta de transferência global e proteção patrimonial, uma tendência que avança nas transações de pessoas e empresas.

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  • 7 de Agosto, 2025