Tokenização, Open Finance e cibersegurança são caminhos para a diferenciação no setor financeiro

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A Pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária 2025 apresentou, entre outros tópicos, as oportunidades do setor bancário, que incluem a exploração do Open Finance em busca de diferenciação e o potencial transformador dos ativos digitais e da tokenização. De maneira geral, o estudo explora a evolução do mercado financeiro, impulsionado por novas tecnologias e comportamentos.

Apesar do Open Finance ainda enfrentar desafios de adesão e compreensão do público, o avanço em iniciativas de tokenização – como o Drex (a moeda digital brasileira) – e o uso de inteligência artificial na cibersegurança sinalizam um futuro promissor para a inovação bancária no Brasil. O documento, elaborado a partir de formulários qualitativos e quantitativos respondidos por 20 bancos e com 30 entrevistas com executivos da área de tecnologia bancária, identificou a inovação tecnológica (86%), a segurança e privacidade de ponta (82%) e a personalização de produtos e serviços (76%) como estratégias de diferenciação e ações prioritárias.

Tokenização na mira do setor financeiro

Segundo a pesquisa, é crescente a movimentação dos bancos em direção à tokenização e aos ativos digitais. Impulsionados por tecnologias blockchain, as instituições financeiras passam a desenvolver, por exemplo, as moedas digitais do Banco Central (CBDC, na sigla em inglês). No Brasil, o BC está na segunda fase de testes do Drex. O ativo é visto por 95% dos bancos como catalisador de inovação em produtos financeiros.

Além da inovação, os entrevistados apontam o uso de contratos inteligentes (63%) e a busca por maior transparência e segurança (42%) como impactos esperados com o Drex. Nesse ponto, a IA, mais uma vez, é apontada como aliada estratégica ao proporcionar a automação dos contratos e a análise em tempo real de grandes volumes de dados.

Apesar do otimismo, a maturidade dessas soluções ainda é baixa: 65% das instituições estão em fase de exploração da custódia de ativos, 58% na mesma fase em tokenização e 53% avaliando os ativos digitais. Apenas 21% dos bancos já operam em tokenização e custódia de ativos digitais. A maioria (62%) recorre a provedores externos para construir sua arquitetura tecnológica, enquanto 31% desenvolvem internamente suas soluções.

Open Finance favorece a personalização

Ainda recente no mercado brasileiro, o Open Finance é um sistema que permite o compartilhamento de dados financeiros entre instituições mediante consentimento do cliente. Ele é visto como um caminho para criar produtos e serviços personalizados com base em dados comportamentais e preferências individuais.

Mais do que um modelo financeiro inovador, é uma aposta de instituições financeiras brasileiras na extração de alto valor do Open Finance, com 41% dos bancos esperando colher os frutos do sistema nos próximos anos. O acesso a dados financeiros (86%), a criação de novos serviços (57%), a portabilidade (57%) e a construção de parcerias estratégicas (29%) são as principais formas de se obter valor. 

A integração desses dados com sistemas de inteligência artificial tem o potencial de resultar em uma compreensão ainda maior do comportamento do cliente e consequentemente em abordagens e soluções mais personalizadas. Assim, a experiência do usuário, apontada como uma das principais ações prioritárias com 76%, é aperfeiçoada, bem como o fortalecimento do relacionamento entre cliente e empresa.

No entanto, a adesão ainda encontra barreiras, principalmente na compreensão do cliente sobre o que é Open Finance (41%), nos casos de uso atrativos ao cliente (35%) e na incerteza do cliente em compartilhar dados pessoais com outras instituições (18%). Os casos de uso mais recorrentes no momento ainda estão concentrados no CRM (41%), enquanto aplicações mais diretas como pagamentos (18%), agregação de dados (17%) e crédito (12%) representam uma parcela menor. 

Cibersegurança também é diferencial competitivo

À medida que as tecnologias avançam e as ameaças cibernéticas se tornam mais sofisticadas, a cibersegurança deixou de ser apenas um escudo e passou a compor a estratégia de diferenciação dos bancos. De acordo com o relatório da Febraban, “enfrentar esse cenário exige uma abordagem integrada, que combine prevenção, detecção rápida e resposta eficaz”. 

Para garantir a cibersegurança, a continuidade dos negócios e a confiança dos clientes, as organizações do setor financeiro utilizam a inteligência artificial como ferramenta estratégica. A partir dela, as instituições ganham no monitoramento constante, na antecipação de riscos e na resposta rápida a incidentes.

Segundo a pesquisa, 70% das instituições já implementam soluções de IA voltadas à cibersegurança, e 80% utilizam a tecnologia na detecção de fraudes e lavagem de dinheiro. Além disso, 56% dos bancos contam com especialistas em cibersegurança nos conselhos administrativos.

Esses profissionais enfrentam, como principais desafios, o gerenciamento de riscos de terceiros (75%), a rápida evolução das ameaças (65%) e a escassez de talentos especializados (55%). Diante desses obstáculos, a IA se apresenta, respectivamente, como oportunidade nos seguintes aspectos: monitoramento contínuo da segurança de terceiros para identificar riscos em tempo real; aprendizado de máquina capaz de reconhecer comportamentos anormais, para uma resposta mais eficiente; e selecionar candidatos e/ou capacitar equipes.

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  • 3 de Junho, 2025